De 13 pesquisas, 9 dão Vanderlan na frente e 4 Maguito em 1º lugar. E as últimas (Real Time Big Data: Vanderlan 11 pontos de vantagem; Diagnóstico: Maguito 5,3 pontos de dianteira) são contraditórias

Se o objetivo era confundir com as pesquisas, em tempo de eleições para prefeito de Goiânia, quem está por trás da manobra, se é que há alguém ou algum grupo, conseguiu. Poucas vezes se viu, em pleitos disputados em Goiás, em qualquer época e lugar, uma barafunda tão grande como a que se observa na capital. Do que foi divulgado até agora, ou seja, 13 pesquisas, 9 dão Vanderlan Cardoso, do PSD, na frente, e 4 apontam Maguito Vilela, do MDB, como o líder. As últimas são as mais contraditórias: enquanto o instituto Real Time Big Data apurou Vanderlan em 1º lugar, com 27% das intenções de voto e 11 pontos de dianteira sobre Maguito, este com 17%, o instituto Diagnóstico mostrou uma virada surpreendente do emedebista, que estaria com 30,1% ou 5,4 pontos de distância em relação a Vanderlan, apresentado com 24,8%. Detalhe: com trabalho de campo mais ou menos nos mesmos dias.
Antes de tudo, é preciso relembrar que pesquisas não influenciam as eleitoras e os eleitores. Há, na sociedade, uma desconfiança generalizada face aos números mostrados pelos institutos durante uma campanha. Acredita-se piamente que cada candidato providencia a sua, de um ou modo ou de outro, para vender uma imagem de superioridade. Seja isso real ou não, e parece que é, o fato é que as pesquisas servem mais para mobilizar a militância de cada candidato, seus apoiadores e principalmente seus financiadores, não para atrair votos. Há casos registrados em que às vésperas da campanha um postulante foi mostrado em vantagem e, encerrada a apuração, acabou perdendo. Aconteceu, por exemplo, em 2006, com o próprio Maguito Vilela: a 5 dias do pleito, foi estampada uma manchete em que Maguito, do então PMDB, vencia Alcides Rodrigues, do PP, mas representante da coligação liderada pelo PSDB, por uma generosa vantagem de 7 pontos (levantamento do instituto Fortiori, publicado pelo jornal Tribuna do Planalto). Abertas as urnas, o resultado foi exatamente o contrário.
Repete-se a história, agora? Como diz o professor Antônio Lorenzo, dono do Serpes, o mais credenciado dos institutos que atuam em Goiás, quando perguntado sobre tendências a favor ou contra candidatos, “pode ser que sim, pode ser que não”. Que o MDB tem tradição quanto a manipulação de pesquisas, é verdade, mas não se trata do único partido com gosto para esse tipo de malfeito. O que existe é uma praga, estimulada pelo desespero de políticos para vencer e por empresas que não se importam com a construção da sua fé pública e negociam seus resultados. A aposta é que, no Brasil e talvez especialmente em Goiás, o eleitorado tem memória curta.
Um imposição, sempre, é levar em consideração os índices revelados por institutos com tradição de acertos e que alinham seus dados dentro da margem de erro. É seguro. O Serpes e o Grupom, até o momento, são os únicos enquadrados nessa regra, que não beneficia nem mesmo o Ibope, aquele que terceiriza a coleta de campo em Goiás exatamente para um parceiro que, em suas próprias pesquisas, tem apontado para uma disparada de Maguito. É difícil observar razões objetivos para um salto dessa magnitude, ainda mais quando se trata de um candidato que teve a sua campanha classificada até pela coluna Giro, em O Popular, como “morna”. Vamos aguardar, portanto, pelos próximos trabalhos desses dois institutos de peso reconhecido.
Atualização: Tão logo esta nota foi publicada, saiu uma nova rodada da pesquisa do instituto Real Time Big Data, da Rede Recorde. Pelos novos números, Vanderlan Cardoso continua na liderança, com 29%, contra 20% de Maguito Vilela, ambos oscilando dentro da margem de erro que, no caso, é de 4 pontos para mais ou para menos.