O mau exemplo de Maguito: contaminação foi resultado de falta de cuidados sanitários, ainda mais diante da idade e da provável fragilidade genética para enfrentar a Covid-19
As fotos acima, apenas duas, atestam o mau exemplo que o candidato do MDB a prefeito de Goiânia Maguito Vilela deu ao se descuidar, apesar dos seus quase 72 anos e portanto se classificando como integrante do grupo de risco, ainda mais diante dos antecedentes de duas irmãs também idosas que não resistiram ao novo coronavírus, das medidas de prevenção sanitária que deveria ter adotado para desenvolver as atividades da sua campanha – o que o levou a ser infectado e a passar agora por um momento difícil, que pode ser classificado como de luta pela sobrevivência.
As redes sociais de Maguito parecem ter sido peneiradas de última hora, com a retirada das imagens anteriormente postadas, que mostravam o candidato à vontade, reunindo-se com pessoas, a curta distância, sem máscara protetora e mesmo falando ao microfone também sem defesa para a boca e o nariz. Além disso, o emedebista fez uso incorreto de equipamentos, como a máscara de acrílico que semicobre o rosto, mas, segundo especialistas, só dá segurança em caso de uso concomitante da máscara de tecido. Maguito recorreu a esse artifício para desfilar pelos bairros em apinhadas carrocerias de pequenos caminhões e camionetes com o objetivo teórico de facilitar a sua identificação pelos eventuais transeuntes e populares nas ruas e calçadas (observem que junto a ele há outra pessoa cometendo o mesmo erro, além de uma outra, logo atrás, tocando a máscara com a mão, o que também não é recomendado).
Na outra foto, os equívocos se repetem. Maguito corta o cabelo em um local de alto potencial de contaminação, ou seja, um salão de barbeiro, o tradicional New Star, na Praça Tamandaré. O conhecido Ruimar Ferreira, que o atende, deixa o nariz de fora da máscara e respira sobre o candidato, que, além disso, tem nas mãos uma foto ou um pedaço de papel, possivelmente entregue pelo cabeleireiro. Tudo errado. Ou erradíssimo. Alguém com as condições físicas preliminares como as dele jamais deveria se expor tanto assim. E tanto que o resultado não poderia ser outro, como não foi: ele contraiu o vírus e, apesar das notas otimistas e das declarações infelizes do seu médico e do seu filho Daniel Vilela, passa por um momento difícil internado em uma UTI em São Paulo.
Com Maguito doente, formou-se em torno dele uma corrente de solidariedade que uniu aliados e adversários, quase que santificando a sua figura e o seu comportamento, muito embora a campanha do MDB tenha incorrido em um delito ético grave: enquanto os programas de Vanderlan Cardoso, do PSD, no rádio e na televisão, suspenderam as críticas, que já eram poucas, ao concorrente, a campanha emedebista continuou no ataque, veiculando peças de desconstrução contra Vanderlan. É como, em uma comparação futebolística ao gosto do desportista Maguito, um time que se aproveita da bola colocada para fora pela equipe oponente para permitir atendimento médico a um dos seus jogadores caídos em campo, cobra a lateral e se vale da gentileza para rapidamente tentar marcar um gol. Moralmente, é inaceitável.
Enquanto isso, continuam inconfiáveis as notas do MDB, as informações repassadas pelo médico particular e genro, dr. Marcelo Rabahi e as declarações de Daniel Vilela sobre as condições de saúde do paciente ilustre. É um espetáculo deprimente o que estão a protagonizar. Segundo o que dizem, desde o início, Maguito sempre está bem, estável, movimentando-se, alimentando-se e tudo o mais, o que contradiz a escalada de piora a que ele foi arrastado, a ponto, hoje, de ninguém saber exatamente qual o seu estado verdadeiro. Mas, pelo menos, não é por sua culpa, mesmo porque não tem se tem detalhes sobre o impacto emocional que sofre. E ainda mais quando é nítido o esforço da campanha para capitalizar a doença, mais ou menos como Jair Bolsonaro transformou em trunfo a facada de Juiz de Fora. Quem está falando e agindo por Maguito o está fazendo muito mal.