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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 nov

Pesquisas contraditórias embaralham a eleição em Goiânia e Anápolis, mas, a 10 dias das urnas, em meio a campanhas frias, as tendências estão mantidas a favor de Vanderlan e Gomide

Seja em razão das estratégias de cada campanha, que sempre recorrem a pesquisas ajustadas com institutos amigos – e essa é uma prática completamente sem limites no mundo eleitoral de hoje -, seja pela dificuldade natural de apurar intenções de votos em meio a campanhas frias  e distantes do eleitorado, o fato é que predomina no momento um certo clima de “embaralhamento” em Goiânia e Anápolis. Há dúvidas, colocadas por uma profusão de levantamentos contraditórios, sobre o tamanho da distância que separa Vanderlan Cardoso, do PSD, na capital, e Antônio Gomide, do PT, na cidade vizinha, dos seus concorrentes mais próximos e até mesmo se os dois estão mesmo na dianteira, uma vez que, nas duas praças, foram publicadas pesquisas mostrando que não.

Quanto mais próxima a data da eleição, mais dificuldades têm os institutos para investigar as preferências das eleitoras e dos eleitores. O processo de definição do voto enfrenta oscilações diárias, que as mais qualificadas metodologias não são capazes de captar com precisão. Isso pode ser entendido com base em constatações das pesquisas que estão sendo divulgadas sobre Goiânia e Anápolis: em ambas, os candidatos mais rejeitados, ou seja, Maguito Vilela, do MDB, e Roberto Naves, do PP, são os que mostram maior e mais rápido crescimento. Trata-se de uma aparente inconsistência: como é que os nomes mais citados quando a pergunta é “Em quem você não votaria de jeito nenhum?” são justamente os que mais avançam, segundo esse ou aquele instituto?

Uma explicação está em que tanto Maguito quanto Naves começaram a campanha abaixo das suas possibilidades e, portanto, teriam mesmo que subir alguns pontos, porém não o suficiente para vencer seus adversários, que, a propósito, são fortíssimos: Vanderlan, na capital, tem muito mais recall que o emedebista e seu nome representa uma proposta de renovação política, fora do profissionalismo e do carreirismo, já que é empresário bem sucedido em seus negócios; e Gomide, em Anápolis, é simplesmente um ex-prefeito por dois mandatos que deixou o cargo com uma taxa de aprovação de 85% e é quase uma unanimidade na cidade. Tanto um como outro, em princípio, estão muito melhor posicionados que os demais concorrentes.

Sim, leitoras e leitores: política e eleições têm lógica e só raramente destoam, o que só ocorre diante da atuação de condições favoráveis pré-existentes, o que, na pandemia em curso, parece não existir nos dois principais colégios eleitorais do Estado, não nos casos de Maguito e Naves. Não é fácil para um legítimo representante do velho estamento, como Maguito, vencer em Goiânia, cidade com a qual nunca teve a menor identidade – aliás, nenhuma, não é exagero concluir, e menos ainda para um fenômeno pontual como Roberto Naves ganhar em Anápolis depois de fazer uma gestão sem marcas e com tão poucas realizações que as promessas que faz no seu programa de televisão são uma autodenúncia da sua inoperância.