Coronavírus transforma-se no grande eleitor de Maguito e dá ao candidato do MDB uma competitividade que ele não teria se estivesse nas ruas fazendo campanha
A Covid-19 pode eleger o próximo prefeito de Goiânia. Esse é o cenário que emerge após a publicação das duas últimas pesquisas do Serpes e do Ibope, ambas apontando crescimento do candidato do MDB Maguito Vilela, embora há mais ou menos 15 dias sem fazer campanha, já que acometido pelas agruras do novo coronavírus – inclusive, hoje, internado e intubado em um hospital de primeira linha em São Paulo. O curioso em tudo isso é que Vanderlan Cardoso, do PSD, não caiu e também avança em suas intenções de voto, embora em proporção menor que a do seu adversário.
Com a profusão de pesquisas publicadas em Goiânia, o melhor é se ater aos levantamentos do Serpes, instituto tem uma tradição de seriedade e de acertos em suas avaliações eleitorais. O Serpes, da penúltima rodada para a última, apontou um decréscimo significativo na rejeição de Maguito, que, pela lógica, só tenderia a subir, diante do telhado de vidro do emedebista: ele privatizou a usina de Cachoeira Dourada, em uma operação desastrosa para o patrimônio do governo de Goiás, como senador da República tentou legalizar o jogo do bicho e os caça níqueis no Brasil, foi padrinho de casamento do polêmico empresário Carlos Cachoeira, nunca teve apreço pelo funcionalismo público e, para variar, foi por dois mandatos prefeito de Aparecida, período em que promoveu uma lambança administrativa atestada pelos mais de 50 processos de contas dos seus secretários reprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios. E isso sem falar que ele responde a quase duas dezenas de processos como réu por atos de improbidade administrativa praticados em Aparecida. Como é que, com tudo isso, e ainda por cima sem o apoio do prefeito Iris Rezende, Maguito teve a rejeição diminuída e aumentou as suas intenções de voto?
É claro que surgiu um sentimento de compaixão na sociedade diante do calvário do candidato do MDB como vítima da Covid. Se estivesse na rua, em campanha, Maguito possivelmente não experimentaria os ganhos que está tendo como paciente em estado grave da nova doença. Seus adversários não podem atacá-lo ou sequer criticá-lo, sob pena de serem considerados impiedosos e desumanos. Mas ele, sim, pode mandar bala nos concorrentes e o está fazendo sem o menor acanhamento em relação a Vanderlan Cardoso, do PSD, o principal deles. A campanha do MDB, como registrou o Jornal Opção, abriu uma “pesada artilharia” contra Vanderlan, que acabou imobilizado ao constatar que, se responder na mesma moeda, pode acabar tendo mais prejuízos do que vantagens.
O padecimento de Maguito distorceu a eleição em Goiânia. Não se sabe nem mesmo se ele, sobrevivendo ao mal que contraiu por descuido e relaxamento nas medidas de prevenção sanitária que deveria ter tomado, terá condições de exercer o cargo de prefeito que, hoje, teoricamente pode ganhar. O jornalista Divino Olávio, em seu blog Notícia Pura, é o que tem feito as análises mais coerentes sobre esse aspecto da atual eleição. As sequelas do forte ataque do novo coronavírus a Maguito são inúmeras e dolorosas, ainda mais em se levando em consideração a idade e a falta de resistência genética que infelizmente tem, lembrando-se que perdeu duas irmãs, igualmente idosos, para a Covid. Tomara que não, mas vida normal, por isso, ele nunca mais vai ter. Como administrará Goiânia com as restrições com as quais passará a conviver daqui para diante?