Iris desistiu da reeleição e se aposentou, mas agora diz que está em plenas condições físicas, que não abandonará a política e que vai reabrir seu escritório político para continuar participando de tudo
Na decisão mais equivocada que já tomou em toda a sua incrível trajetória de mais de 60 anos na política, a ponto de se constituir na única liderança pré-golpe de 1964 em atuação no país, o prefeito Iris Rezende desistiu da eleição mais certa da sua vida e optou pela aposentadoria, em um momento em que, afora a idade avançada, ainda exibia e exibe condições físicas invejáveis e vontade de trabalhar diuturnamente sem qualquer restrição de saúde. Tá, não há novidade nenhuma em tudo isso, já do conhecimento geral há mais de 60 dias. O que existe de novo é que Iris, agora, resolveu que não se recolherá ao dolce far niente do seu confortável apartamento no setor Marista, vai reabrir o seu escritório político assim que deixar o Paço Municipal e seguirá fazendo o que sempre fez, ou seja, conversar, articular, dar opinião e, enfim, continuar a meter a colher de pau no caldeirão da política goiana, pelo menos conforme manifestou a intenção.
Ora, se é assim, por que Iris renunciou à reeleição? Se ele próprio está argumentando que não tem nenhum impedimento para as atividades que sempre desenvolveu, vocês, leitoras e leitores, não acham que seria muito melhor e mais conveniente manter o controle do Paço Municipal do que se recolher a um “escritório político” inevitavelmente condenado a se esvaziar, após a euforia dos primeiros dias, diante da ausência de poder ou de expectativas nesse sentido? O motor de Iris é o poder, não a política, o que a sua família não compreendeu ao forçá-lo a adotar um rumo que não foi natural. Seria mais sensato, sem sombra de dúvidas, manter a candidatura, disputar e provavelmente com quase 100% de certeza ganhar mais um mandato para concluir as suas obras e talvez a melhor administração que já fez em toda a sua carreira, em vez de entregar o doce que ainda não está pronto a um sucessor qualquer, ou seja, um pacotão de obras inacabadas.
Bem, quem decidiu não se candidatar e, naquele momento, sair da política, não foi Iris e sim a sua família. Um erro e tanto, já que o oxigênio dele é a política como mecanismo para influir na direção da sociedade e foi daí que retirou a energia para chegar aos oitenta e lá vão mais anos na plenitude dos seus sentidos e habilidades. Em um “escritório político” como o que ele pretende reinstalar, como conselheiro de quem quer que o procure, isso não terá utilidade alguma, fora justificar visitas e alguma prosa saudosista até, em pouco tempo, não haver mais solicitação de agendas. Ainda mais quando quem conhece Iris sabe que o único conselho que ele dá é padrão, ou seja, não se comprometendo e evitando desagradar a quem o ouve, apenas repetindo, como sempre procedeu quando indagado sobre o que alguém deve ou não fazer, que cada um “deve seguir o que o seu coração indicar”.
Esse é Iris. Mas, logo, logo, ao cair no ostracismo, vai deixar de ser.