Aliança futura entre MDB e PSDB em Goiás, hoje considerada inevitável, é a união do sujo com o mal lavado e deve ser rejeitada pela população com uma surra nas urnas de 2022
É assunto recorrente em todas as rodas da política em Goiás: em 2022, o MDB e o PSDB deverão estar juntos para apresentar uma chapa ao governo do Estado, da qual, desde já, constariam o tucano Otavinho Lage e o ex-deputado federal Daniel Vilela, muito embora seja cogitada também a inclusão do atual prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, ansioso para se transformar em liderança estadualizada depois da reeleição que facilmente conquistará no próximo domingo, 15 de novembro. Antecipando esse filme triste, já há cidades, na atual eleição municipal, em que a união já se consumou. E, no 2º turno em Goiânia, haverá também um alinhamento, prevê-se.
Os dois partidos têm ambos uma rica ficha corrida, local e nacional. Não há escândalo de corrupção, em Goiás e no Brasil, de 40 anos para cá, em que um e outro não apareçam envolvidos. Lembram-se, leitoras e leitores, do caso Caixego, um roubo de milhões de reais para financiar a campanha fracassada de Iris Rezende em 1998? Já são quase 20 anos, mas uma nódoa dessas ninguém apaga da história a não ser que se passem séculos. O MDB/PMDB mandou em Goiás por 16 anos que foram pródigos na arte de fazer dinheiro público sumir pelo ralo, indústria que continuou ativa nas duas décadas que se seguiram de PSDB no poder e que ainda estão frescas na memória do povo, culminando com a prisão de mais de duas dezenas de auxiliares proeminentes do governo e no final de tudo até do próprio governador Marconi Perillo. Na lista de clientes das propinas da Odebrecht, ora, ora, é claro que eles, dos dois grupos,com todos os seus principais nomes citados pelos executivos da empreiteira que fizeram delação premiada.
Certo, emedebistas e tucanos fizeram muito por Goiás, menos que a obrigação e em grande parte aplicando mal os recursos governamentais e cometendo erros pelos quais as goianas e os goianos pagarão por algum tempo ainda, possivelmente para sempre. É possível que o crescimento alegado do Estado, sob a égide dessas duas siglas, não tenha sido mais do que vegetativo, indo muito pouco além, se é que foi. Há estudos de especialistas sérios apontando nessa direção. Além disso, a destruição e a dilapidação da máquina administrativa nesses anos foi monumental, haja vistas à herança recebida pelo governador Ronaldo Caiado. Na época do MDB, nos governos de Iris e Maguito Vilela, três bancos estaduais foram impunemente estraçalhados (há até livros sobre o assunto), depois de manipulados para produzir fundos de campanha. Maguito torrou a usina de Cachoeira Dourada e ninguém sabe aonde a fortuna de R$ 1 bilhão de dólares arrecadada com a operação foi parar. Marconi não fez por menos e vendeu a Celg, nesse caso por uma ninharia, que igualmente não se consegue explicar como foi gasta. Erros e desmandos se acumularam, em uma lista que chega a centenas e centenas de itens, de pequenos a enormes.
Agora, apesar de eleitoralmente inimigos históricos, MDB e PSDB se propõem a uma conciliação que a população provavelmente vai rejeitar, recusando-se a servir de massa da manobra para que essas duas matilhas de lobos voltem a cuidar as ovelhas. Pelo menos é o que se espera e é o que indica a experiência em outros cantos do país onde adversários se emparceiraram em eleições majoritárias e foram massacrados pelo voto popular. Para compartilhar Goiás, emedebistas e tucanos estão dispostos a superar suas divergências, que nunca tiveram nenhum conteúdo programático ou ideológico e apenas se reportaram e se reportam a diferenças pontuais e superficiais. São farinha do mesmo saco, tanto que um, o PSDB, nasceu de uma costela do MDB. O DNA, portanto, é único. E não combina com o interesse da sociedade goiana.