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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

19 nov

Devido a gravidade do seu caso, Maguito, sobrevivendo, vai gastar entre 6 a 12 meses para chegar a um ponto mínimo de recuperação e passará o resto da vida sob cuidados médicos intensivos

A máquina de manipulação eleitoral do MDB, apoiada agora por inocentes úteis como o candidato derrotado do PSDB Talles Barreto, desdobra-se nesta semana, a poucos dias da data do 2º turno, em rotular como falta de compaixão qualquer comentário ou análise sobre o estado de saúde do candidato do partido a prefeito de Goiânia Maguito Vilela, no momento internado sob avaliação de extrema gravidade e resistindo através de aparelhos na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, um dos mais caros do Brasil, em São Paulo.

O alvo prioritário do emedebismo é o candidato do PSD Vanderlan Cardoso, que também foi classificado para o 2º turno. É ostensivo o direcionamento com o objetivo de faturar política e eleitoralmente o sofrimento de Maguito, quando o racional seria uma discussão aberta e sem preconceitos sobre as suas verdadeiras condições atuais e perspectivas para a sua futura recuperação – um processo delicado que provavelmente o impedirá de exercer com plenitude as funções de prefeito da capital, caso vitorioso no dia 29 próximo.

Não há certezas sobre o que acontece com pacientes da Covid-19 que chegam ao ponto em que Maguito chegou e escapam vivos. Cada caso é um caso. Porém, não persistem dúvidas sobre os cuidados de que, a partir de então, deverão ser alvo. Um prazo de 6 meses, podendo se estender a um ano, é o menor que se pode pretender para um restabelecimento mínimo. Alguns precisam reaprender a falar e a deglutir alimentos e bebidas. Isso não volta da noite para o dia. Maguito também estará exposto a uma lista imensa de sequelas, algumas danosas, como AVCs e tromboses. Não é de se descartar, portanto, a hipótese de que alguém nesse nível de fragilidade não tenha qualquer habilitação física e intelectual para trabalhar como gestor administrativo de uma cidade do tamanho de Goiânia.

Ao contrário do que disse o deputado Talles Barreto, em acusações irrefletidas contra Vanderlan, não é “falta de compaixão” abordar esse assunto. É, antes, uma obrigação de todos os que se preocupam com a prevalência de um debate político sério e vinculado aos interesses coletivos. Mais: é um dever cívico, quando o próprio MDB é que mostrou “falta de compaixão” ao explorar a doença do seu candidato e, como está sobejamente provado, desvirtuar descaradamente o noticiário sobre as suas difíceis circunstâncias depois da Covid-19. Fizeram isso no 1º turno e continuam fazendo, muito embora a coordenação da campanha emedebista tenha recuado para uma posição mais discreta, abrindo espaço para que Daniel Vilela siga furiosamente repetindo inconsequências, como o fez em entrevista ao Jornal Opção nesta quarta, 18 de novembro, ao informar que esteve em São Paulo e que pai “está melhor” – apesar de intubado e com as suas funções vitais executadas por aparelhos, lembrando que, em todas as suas manifestações, até agora, “melhor” foi usado no lugar de “pior”.

Ganhar a eleição, para o MDB e para Daniel Vilela, não tem preço.