Definição perfeita para a eleição em Goiânia é “black fraude”: vocês, eleitores e eleitores, elegem Maguito prefeito e ganham Rogério Cruz (e Daniel Vilela) no comando do Paço Municipal
A um dia da eleição, as eleitoras e os eleitores de Goiânia vão passar à história como o maior caso de “black fraude” já registrado no Brasil: depois de uma campanha atípica, com o candidato do MDB Maguito Vilela internado em estado gravíssimo na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, sem sequer saber que está disputando e ganhando o 2º turno, o desfecho previsto será a condução do desconhecido vice Rogério Cruz ao comando do Paço Municipal, onde, pelo menos inicialmente, será tutelado por Daniel Vilela e pelo deputado federal João Campos (diz-se “inicialmente” porque, em algum momento, Rogério Cruz pode resolver que o cargo é dele e não aceitar mais o cabresto, coisa recorrente na política).
O primeiro, Daniel Vilela, é o responsável pela estratégia de transformar o padecimento de Maguito depois de contaminado pelo novo coronavírus – aliás irresponsavelmente, ao não seguir as regras de prevenção sanitária e isolamento social, apesar da sua idade avançada – em trunfo eleitoral, através da manipulação de informações com o objetivo de garantir e aumentar as intenções de voto no pai. Já o segundo, João Campos, político de bastidores, é o dono do Republicanos em Goiás, partido da Igreja Universal e da Rede Record que indicou o vice Rogério Cruz para compor a chapa do MDB.
Nenhum deles está sendo votado neste domingo, mas os três subirão ao pódio com o resultado da eleição mais atípica que já houve em Goiás. O processo de escolha do novo prefeito que começou a degenerar com a decisão de Iris Rezende, pressionado pela família, de não disputar a reeleição e se aprofundou a partir do calvário de Maguito até chegar a um clima de completa emocionalização, onde levantar dúvidas e perguntar pela real condição de saúde do paciente passou a ser classificado como “desumanidade” e até “monstruosidade”. Com isso, abriu-se a avenida de que levará neste domingo o MDB ao poder municipal na capital, que a legenda, diga-se de passagem, não tinha com Iris – um gestor administrativo muito concentrador, que pouco se importava com questões políticas.
Iris cansou-se de repetir que não queria entregar Goiânia para “qualquer um”. Graças à “black fraude”, é o que vai acontecer. Não há nenhuma intenção de desrespeito, aqui, ao vice Rogério Cruz, a Daniel Vilela ou a João Campos. Trata-se apenas de registrar que, com a eleição de Maguito, são eles que irão governar do alto do acanhado prédio do Park Lozandes onde funciona a sede da prefeitura, sem terem sido votados para isso. Nenhum tem cacife para o que vem pela frente. Mas é o que as goianienses e os goianienses terão. O verdadeiro vencedor dificilmente terá aptidão física sequer para tomar posse em 1º de janeiro, admitindo-se que, até lá, estaria curado, porém não livre das terríveis sequelas que sobrevêm à Covid-19 e a quem passa por um tratamento heróico como o que Maguito está enfrentando, em coma induzida há duas semanas e com todas as suas funções vitais realizadas por máquinas extracorpóreas. Até para falar, deglutir alimentos e ficar em pé, ele terá dificuldades enormes.
Ou por um bom tempo ou por todo o mandato, a vez será de Rogério Cruz. E de Daniel Vilela e João Campos.