Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 dez

Politização da vacina anticoronavírus, em Goiás, é uma vergonha patrocinada por Marconi para tentar desgastar Caiado e constrange até os prefeitos que ele envolveu na manobra

Valendo-se da sua amizade pessoal com o governador de São Paulo João Dória, um dos maiores beneficiários das verbas de publicidade das gestões tucanas em Goiás, o ex-governador Marconi Perillo montou uma operação farsesca para levar cinco prefeitos eleitos pelo PSDB até o Instituto Butatan, em São Paulo, onde supostamente se prontificaram a adquirir em primeira mão as vacinas que estão na iminência de serem produzidas contra a Covid-19. Aceitaram participar desse triste espetáculo Valmir Pedro (Uruaçu ), Carlos Lereia (Minaçu), Vando Vitor (Palmeiras), Paulo Sérgio de Rezende (Hidrolândia), este último também presidente da Associação Goiana dos Municípios – AGM e Marden Júnior, que foi eleito em Trindade e é do Patriotas, mas integrante do grupo do atual prefeito da cidade, Jânio Darrot (e do padre Robson), presidente estadual do PSDB, partido cuja ficha assinará tão logo seja empossado.

Quem está acompanhando as notícias a respeito já percebeu o constrangimento desses cinco prefeitos. A Coronavac, que o Butantan distribuirá em breve, tem tecnologia científica chinesa e desperta desconfianças – infundadas – a ponto de uma pesquisa do Datafolha mostrar que 70% da população tem receio da sua origem. Além disso, seu preço é elevado: cada pessoa precisa de duas doses, o que duplica o gasto em relação a vacinas como a da Pfizer ou a da AstraZeneca. Isso significa que esses prefeitos estarão comprometendo recursos para o início das suas gestões, enquanto o governo federal, em parceria com o governo do Estado, oferecerá concomitantemente imunizantes a custo zero para as municipalidades.

Para fazer oposição de qualquer maneira e empenhar-se em desgastar Caiado, Marconi está empurrando seus aliados municipais para uma fria. O prefeito eleito Marden Jr. por exemplo, disse a O Popular que a intenção de comprar as vacinas do Butantan estaria esvaziada caso o Ministério da Saúde decida, como já decidiu, oferecer, por sua conta, o anti-Covid-19 para todos os municípios brasileiros, dentro de uma escala de prioridade para a faixas de risco da população, com dispêndio zero. Comprar as vacinas por conta própria, portanto, seria uma despesa desnecessária, consumindo o caixa de prefeituras que já não estão tão bem assim em termos financeiros, seja qual for.

Um assunto importante e decisivo como a luta contra a pandemia não deveria servir de mote para politicagem barata. A tese do governador Ronaldo Caiado – correta – é a de que as goianas e os goianos devem ser encarados como um conjunto, vacinando-se progressivamente todos eles, sem que uma ou outra cidade saia na frente ou sem privilégios para quem quer que seja, por uma questão de garantia dos direitos fundamentais de  todos. O governador, inclusive, defendeu essa posição em termos nacionais e recebeu aplausos. Marconi, em vez de oferecer suas boas relações com João Dória para o encaminhamento de soluções que atendam ao Estado inteiro, sem deixar ninguém para trás, preferiu se apequenar na tentativa insana de apenas causar prejuízos para a imagem de Caiado. É uma pena e mostra que o ex-governador ainda não tomou o caminho do bem.