Daniel Vilela intensifica notícias sobre volta de Maguito à consciência: é claro que o objetivo é anunciar medidas e nomear secretários sob a justificativa de que o prefeito eleito aprovou
O presidente estadual do MDB Daniel Vilela vive dias difíceis; ele precisa arranjar saídas para fugir da acusação de ter sido o mentor de um estelionato eleitoral em Goiânia, promovendo a eleição do seu pai Maguito Vilela sem condições físicas para exercer o cargo de prefeito municipal. Na campanha do 1º e do 2º turnos ele, Daniel, foi a principal fonte de informações manipuladas, dando a entender o tempo todo que o candidato estava perto da recuperação e da alta hospitalar, podendo, sim, ser votado sem que as eleitores e os eleitores se preocupassem com qualquer incapacidade futura para assumir o mandato.
Eleito, por margem apertada, é bom lembrar sempre, Maguito não se recuperou, seguiu como ainda segue em estado grave e não tem a menor perspectiva de um dia vir a comandar o Paço Municipal, diante das decorrências que estará enfrentando após curado da Covid-19. Mas Daniel Vilela segue ativo. Depois de, infundadamente, garantir que o pai estaria restabelecido a tempo de tomar posse em 1º de janeiro, o que estava e está longe da verdade, arvorou-se agora em apregoar a versão de que o doente está se comunicando por gestos e sinais, durante momentos em que a redução do coma induzido permite que abra os olhos e veja o que acontece ao redor.
Mais uma vez, leitoras e leitores, não acreditem. É evidente que se trata de uma estratégia de comunicação que visa a justificar as primeiras decisões do prefeito que realmente estará à testa do poder municipal daqui a nove dias, o vice Rogério Cruz, que agirá – pelo menos no começo – sob a tutela de Daniel Vilela. Se houver necessidade, as medidas iniciais e a nomeação de secretários poderão ser atribuídas ao próprio Maguito, que estaria concordando com acenos da cabeça ou de um dos dedos polegares levantado, símbolo de anuência ou de opinião positiva, legitimando cada ato. Afinal, foi o filho quem seguidamente assegurou às goianienses e aos goianienses que o pai estaria apto para corresponder às pesadas responsabilidades recebidas das urnas. Isso, agora, tem que ser levado às últimas consequências, sendo caso de se perguntar: será que Goiânia vai sobreviver a essa irracionalidade, gerenciada à distância de um leito hospitalar?
O próprio médico-genro de Maguito, o dr. Marcelo Rabahi, já explicou que manifestações de pacientes nessa mesma situação não podem ser interpretadas literalmente e que não é possível determinar até que ponto representam alguma compreensão sobre as coisas de que se tenta comunicar. Há muito de reflexo mecânico, natural nos seres humanos exânimes e imobilizados em camas de hospital. O que se tem como certo é que o prefeito eleito tão cedo não estará pronto para a missão de administrar Goiânia, não se conhecendo ainda a extensão das sequelas que o atingirão – e é certo que, em algum grau, isso acontecerá. O desdobramento disso, infelizmente, é o pior: um vácuo decisório na prefeitura, prejudicando a gestão dos problemas que incomodam o dia a dia da população, que elegeu Maguito e não Daniel Vilela ou Rogério Cruz para essa função.