Para onde o estelionato eleitoral nos levou: Maguito vai administrar Goiânia de uma cama de hospital, através de gestos. E o primeiro ato é a criação de 4 secretarias e mais de 300 cargos comissionados
O preço da eleição de um prefeito fisicamente incapacitado para o cargo será caro para Goiânia. E já está sendo pago. O grupo que controla Maguito Vilela, liderado pelo seu filho Daniel Vilela, começou a gastar por conta: em nome do titular do Paço Municipal a partir do dia 1º de janeiro, mas que não tomará posse nessa data, substituído pelo vice Rogério Cruz, as despesas da prefeitura já foram aumentadas em quase R$ 2 milhões de reais por mês, com a criação de quatro secretarias e uma penca de cargos bem remunerados – pasmem, leitoras e leitores, nada mais nada menos que exatos 249 cargos comissionados e 66 funções de confiança.
Tudo isso foi feito em tempo recorde, com aval do atual prefeito Iris Rezende e tramitação à jato na Câmara Municipal, sem que o prefeito eleito, internado na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, tivesse a menor consciência do que está acontecendo. E aí que está o pior: segundo Rogério Cruz, Maguito, assim que melhorar, vai administrar Goiânia à distância, comunicando-se por gestos e acenos, já que até para falar ainda vai demorar um bom tempo – em razão das sequelas do coronavírus e do pesado tratamento a que ainda está sendo submetido.
Se esse arranjo improvisado de pé quebrado vai dar certo, só o tempo dirá. No momento, a dura verdade a engolir é que o “prefeito” de Goiânia é Daniel Vilela, na condição de procurador informal do pai e com a “credibilidade” decorrente do seu estreito laço familiar. Daniel detém o monopólio das informações sobre o estado de saúde de Maguito, que, além dele, somente a mulher Flávia Telles e os médicos do Albert Einstein conhecem. Se está bem, se está mal, se realmente passa por períodos de despertar, se nesses períodos demonstra alguma noção sobre o que está ocorrendo, tanto consigo próprio, quanto com as questões do governo que está prestes a assumir o comando do Paço Municipal, trata-se, no conjunto, de uma grande incógnita. É segredo de Estado.
Vêm aí, leitoras e leitores, dias dramáticos para a gestão de Goiânia e para a vida dos seus quase 1,6 milhão de habitantes. E uma desde já maliciosa usurpação de poder, em que aquele que foi eleito não mostrará a cara e só enviará mensagens de conteúdo penteado pelos seus prepostos, pelo menos conforme vão dizer. Esse vácuo decisório negativo, nos seus primeiros passos, com mais três centenas de cargos de livre nomeação e gastos mensais inflados, não autoriza nenhum otimismo.
Atualização às 1625m de quarta, 23 de dezembro: O jornalista Pablo Kossa publicou avaliação, no portal Mais Goiás, concordando com a tese de que é “conversa fiada” a informação do vice Rogério Cruz de que o prefeito Maguito Vilela vai “validar” o novo secretariado da prefeitura com acenos, do leito do Hospital Albert Einstein. Segundo Kossa, trata-se apenas de “estratégia” para passar alguma credibilidade para a indicação de nomes para a equipe – uma “enganação”, nas suas duras palavras. “Não queiram fazer o povo de trouxa”, advertiu o jornalista. Leia aqui.