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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

24 dez

Antes de mesmo começar, gestão de Maguito na prefeitura, sem Maguito, abre as portas para uma farra de cargos poucas vezes vista antes – que vai custar caro para Goiânia

A gestão do prefeito Maguito Vilela, sem Maguito, não esperou o dia 1º de janeiro para dar partida. Já começou. E mal. As portas da prefeitura foram escancaradas para uma farra de criação de cargos poucas vezes vista antes em Goiânia. A pedido do filho Daniel Vilela e do vice Rogério Cruz, o prefeito Iris Rezende tristemente baixou a guarda e aceitou assinar e enviar uma mensagem à Câmara Municipal criando quatro secretarias, 249 cargos comissionados e 66 funções de confiança, com remuneração entre R$ 8 e 12 mil reais. É o carnaval de fevereiro antecipado para este final de dezembro. Tudo somado, uma despesa a mais, a cada 30 dias de R$ 2 milhões de reais.

Mas não parou aí. Entusiasmados com a folia, os vereadores – estimulados ou não pela dupla dinâmica Daniel-Cruz, que é a donatária do poder de governar Goiânia – foram adiante e acrescentaram ao projeto de Iris emendas fabricando mais cargos, tanto para eles, na Câmara, quanto na estrutura do Paço Municipal. Segundo mais uma das platitudes que Daniel Vilela vive soltando, “trata-se de assunto interno da Câmara e é ela quem deve decidir, não vamos interferir”. Negócio fechado. Em um zastrás, foram acrescentadas mais diretorias em algumas secretarias, como a de Comunicação, todas com vencimentos acima de R$ 12 mil, ideia que com certeza foi soprada pela futura administração, já que atende aos seus interesses em abrir espaço para abrigar apaniguados (justiça se faça, o vice Rogério Cruz andou resistindo sob a alegação de que o momento não seria oportuno, tanto pela ausência de Maguito quanto pela necessidade de contenção recomendada pelos tempos de pandemia). Para a própria Câmara, a pândega acrescentou em torno de 50 novos cargos, somando mais R$ 170 mil reais aos gastos com a folha e beirando R$ 2,2 milhões mensais.

Na estranha linguagem de O Popular, a aprovação desses malfeitos por uma maioria esmagadora de vereadores, representa uma “vitória” do futuro comando da prefeitura, mesmo antes de se empossar. O jornal não indicou quem foi derrotado, mas não é difícil concluir que são vocês, leitoras e leitores, que moram em Goiânia, especialmente quem acreditou e votou em Maguito. Se, até agora, com ele internado em estado grave em um hospital de luxo de São Paulo, incapacitado fisicamente para qualquer coisa além de abrir os olhos de vez em quando, havia e há incerteza sobre o que vem aí para a gestão da capital, parte dessas dúvidas desapareceu. Do ponto de vista administrativo e financeiro, será uma gandaia.