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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 dez

Narrativa de Daniel Vilela sobre visita de netos a Maguito, na UTI do Hospital Albert Einstein, comprova que ele está alheio a tudo e não “validou” decisão alguma, menos ainda a farra dos 300 cargos

O primeiro filho, em termos de poder municipal, em Goiânia, Daniel Vilela, acabou cometendo um ato falho na sua faina manipulatória diária para comprovar que o prefeito eleito Maguito Vilela está apto e são, a ponto de conferir validade aos atos que estão sendo tomados por sua conta – o mais danoso dos quais, até agora, é a criação de mais de 300 novos cargos na prefeitura, com salários milionários (exatamente 249 cargos comissionados e 66 funções de confiança, com remuneração entre R$ 8 e 12 mil reais, totalizando R$ 2,2 milhões a mais de despesas por mês).

Ao descrever uma visita dos netos a Maguito, na UTI do Hospital Albert Einstein, Daniel Vilela acabou reconhecendo que o pai não tem ciência de nada e se limitou a sorrir, não se sabe se por algum reflexo ou por vagamente ter noção do que estava acontecendo. Confiram agora, leitoras e leitores, o que o rapaz disse a seguir: “Converso com ele sobre a família e sobre os negócios da fazenda. Por enquanto, a política entra pouco na pauta da conversa”. Repetindo: “A política entra pouco na pauta da conversa”.  A “fazenda” é muito mais importante. (Aliás, é o caso de se perguntar: que “fazenda” é essa?).

Isso significa que é falso tudo o que foi divulgado até agora sobre Maguito ter concordado com as primeiras e antecipadas decisões que foram tomadas como se suas fossem quanto a prefeitura de Goiânia. A principal, claro, foi o envio de um projeto para a Câmara de Vereadores, já aprovado, implantando  partir de 1º de janeiro mais de três centenas de cargos, obviamente para atender a acordos políticos e preparar o campo para futuras operações eleitorais. A prefeitura, sem esses mais de 300 cargos, funcionou muito bem com Iris Rezende. Maguito, eleito prometendo continuidade, precisa deles?

Lembrando aqui: Maguito, nas funções executivas que exerceu, sempre foi muito comedido quanto a nomeações a torto e a direito. Ele nunca foi de ceder a chantagens políticas e rechear as administrações que fez com apaniguados, administrativamente a troco de nada. Esse pacotaço de empregos criados na prefeitura não teve o aval dele. Ou então que Daniel Vilela e o vice Rogério Cruz tenham a coragem de dizer que Maguito “validou” essa ação – coisa que até agora não tiveram a ousadia de afirmar.

Maguito, infelizmente, está 100% incapacitado no leito hospitalar em que se encontra há mais de dois meses. E nem se sabe se algum dia será de novo o mesmo Maguito que sempre foi. Mas seu nome e seus votos estão sendo utilizados para a efetivação do maior estelionato eleitoral de que se tem notícia no Brasil e talvez no mundo. Quem vai assumir o Paço Municipal no dia 1º de janeiro não é ele e sim uma empulhação administrada pelo seu filho e pelo grupo que o cerca. Goiânia que se dane.