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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 jan

Batalha eleitoral de 2022 já está sendo preparada: Caiado busca aumentar apoio para a reeleição, enquanto o MDB usa Goiânia e Aparecida para se fortalecer e lançar Daniel Vilela para governador

A eleição que vai definir o próximo governador de Goiás começou a ser pré-definida neste início de ano, com dois movimentos importantes no tabuleiro de xadrez da política estadual: por um lado, o governador Ronaldo Caiado articula uma mexida no secretariado para conquistar mais apoio para o projeto de recondução a mais um mandato, enquanto o MDB só pensa em assumir a liderança da oposição e resolveu jogar pesado com os únicos trunfos que arrebatou no último pleito, as prefeituras de Goiânia e Aparecida, totalmente aparelhadas para viabilizar uma nova candidatura de Daniel Vilela ao Palácio das Esmeraldas. E com uma vantagem: livres da influência de Iris a favor de Caiado, que Daniel e turma engoliam sem digerir.

Caiado é diferenciado. Não faz politicagem e até distribui fatias da administração a representantes de partidos, porém sem concessões ao seu uso espúrio. Goste-se ou não do governador, o fato é que, isso, ele não aceita, ao contrário dos governantes do passado – que, dessa forma, tinham mais facilidade para fechar acordos e alianças. É por isso que a reforma da sua equipe de auxiliares, ainda mais uma turma que está dando certo em praticamente todas as áreas, com raríssimas exceções, ou seja, com um aqui e outro acolá mostrando um mau desempenho, enfrenta dificuldades para ser efetivada. Mesmo assim, alguns movimentos serão feitos, para adequação obrigatória ao cenário que emergiu da última eleição municipal, em especial o crescimento exponencial do DEM e do PP e a ponte com o PSD representada pelo relacionamento positivo que o senador Vanderlan Cardoso construiu com o governador. Como será feito, ainda não está claro.

Por conta do MDB, o quadro é mais agressivo. Quem manda e desmanda no partido, hoje, é o jovem e impulsivo Daniel Vilela, que não guarda reservas para manobrar politiqueiramente os nacos de poder que caíram nas mãos do partido, que perdeu em número de prefeituras, mas venceu nos dois principais colégios do Estado, Goiânia e Aparecida, municípios que dispõem de orçamentos capazes de satisfazer a fome pantagruélica dos emedebistas de Goiás por cargos e verbas. Quem lê O Popular e a coluna Giro constatou, do início do ano para cá, que partidos e quadros de expressão estão sendo crescentemente cooptados através da distribuição de espaço nos paços municipais das duas cidades, principalmente no que fica no alto do Park Lozandes. Até o deputado Elias Vaz, que sempre considerou o MDB como uma legenda de direita, foi contemplado e aceitou.

Daniel Vilela está montando uma superestrutura para 2022. É candidato a governador e não quer repetir a experiência de fazer uma campanha mambembe como a que fez em 2018, quando não teve agenda na maioria dos municípios e quase ninguém no palanque. É a isso e não a uma recusa ao seu nome que ele atribui o fiasco dos poucos mais de 10% dos votos que conseguiu, muito abaixo dos 60% que consagraram e deram a Caiado uma portentosa vitória em 1º turno. Naquela época, o filho de Maguito Vilela tinha pouca coisa sob seu controle, mas isso mudou. A prefeitura de Goiânia é um mundo de oportunidades a ser explorado e nada vai detê-lo, de olho em uma posição fortificada para voltar a disputar o governo contra a reeleição de Caiado.