Busca de poder, imprudência pessoal e negligência de quem o cercava e assessorava levaram Maguito à contaminação pela Covid e à sua morte precoce
Sim: morrer com 71 anos é morrer precocemente. Maguito Vilela, com a sua boa saúde e forma física de ex-atleta, além de uma vida tranquila, poderia chegar sem maiores sustos aos 80 e até aos 90 ou quem sabe mais. Só que ele foi atropelado pela busca de poder, quando não precisava mais de nenhuma afirmação na política, pela imprudência pessoal com que se dedicou, sem maiores cuidados preventivos, à campanha para a prefeitura de Goiânia e pela negligência criminosa de todos que o cercaram enquanto candidato, desde familiares como o filho Daniel Vilela até a entourage velha de guerra e faminta por cargos públicos do MDB. Maguito não foi sensato e menos ainda a sua, digamos assim, equipe, o seu círculo mais próximo. O preço que todos pagaram, no final, foi alto.
No início de outubro, este blog observou: “Um homem com quase 72 anos de idade, ou seja, integrante do grupo de alto risco, não deveria ser exposto a contatos com apoiadores, reuniões, carreatas e uma intensa agenda de eventos, como acontece com Maguito e, pior, sem requisitos sanitários rigorosos. Aliás, a candidatura, neste momento de pandemia, pode ter sido uma loucura, conforme o autor dessas mal traçadas considerou na época em que foi anunciada. E ele continuou dando mau exemplo ao brincar com a sorte. Por exemplo, usando máscaras parciais de acrílico, teoricamente para facilitar o reconhecimento do seu rosto pelas plateias e pelos bairros por onde desfilou em cortejo eleitoral. Mas, segundo especialistas, esse equipamento não protege nem a quem o usa nem as pessoas com quem se tem contato. Como é que alguém da importância de Maguito, um dos dois candidatos com possibilidade de vencer a eleição para prefeito de Goiânia, comete ou é submetido a um desleixo dessa magnitude? Há um preço e ele foi cobrado com a inevitável contaminação. Gente com a idade de Maguito, ainda mais com as suas condições financeiras, deveria ficar em casa e evitar se expor, ao contrário do que ele fez, atrás da eleição para o lugar de Iris Rezende e sem tomar as devidas precauções. Sim, porque, na maioria das vezes, ou pelo menos em muitas delas, quem contrai a Covid-19 infelizmente relaxou quanto as normas de prevenção. Parece ser o que houve”.
Tudo isso é incontestável. Em vez de se recolher e não circular de modo algum, diante da certeza da sua fragilidade genética perante a Covid depois que duas irmãs da mesma faixa de idade morreram atacadas pelo vírus em um espaço de 10 dias, Maguito não tinha que se meter com proselitismo eleitoral e, ao contrário, entender que o sinal para ele estava vermelho. É fácil dizer isso agora, depois do desfecho, mas este blog apenas repete o que apontou antes. Aliás, foi exatamente porque a sua família vislumbrou o risco que Iris Rezende não foi candidato à reeleição. Ele queria – e queria muito. Sua mulher, filhas e filhas não permitiram. A exposição como prefeito já era grande. Como candidato, poderia ser letal. O resultado é que Iris está vivo, enquanto Maguito feneceu como vítima da falta da preocupação dele mesmo e dos seus sobre as suas expectativas e possibilidades quanto à nova doença. Essa é a verdade. E verdades precisam ser ditas, agora mais do que nunca, depois do festival de mentiras e omissões que marcaram, do começo ao fim, o padecimento do prefeito de Goiânia. O seu martírio e consequente desenlace não deveriam ser em vão.
Atualização: Daniel Vilela, enfim, fez as pazes com a transparência e a autenticidade dos fatos. Deu uma entrevista a O Popular em que, pela primeira vez desde que Maguito Vilela adoeceu, é possível acreditar. Contou tudo e, de certa forma, desmentiu todas as “comemorações” e declarações farsescas de antes, que tinham o escandaloso e indecente objetivo de auferir vantagens eleitorais e políticas. Felizmente, ele acabou entendendo, com a morte do pai, às custas de uma dor pessoal sem tamanho, que esse é o melhor caminho. Nossas condolências a toda a família.