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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 jan

Quem é? O que pensa? Como vai se sair no cargo? Será refém do MDB ou vai impor o seu próprio jeito de administrar? O desconhecido Rogério Cruz é a maior incógnita da história política do Brasil

Ninguém sabe quem é o prefeito de Goiânia Rogério Cruz. De tudo o que foi publicado até agora sobre ele, pouco se avançou além de ser carioca, ter desenvolvido uma carreira como executivo da Rede Record e atuado como pastor da Igreja Universal, inclusive como missionário em países africanos. Tem 54 anos e foi vereador por dois mandatos em Goiânia, cidade onde acaba de completar meros 10 anos de residência.

É só. E, fora isso, é liso como um bagre ensaboado. Ri para todos e dá declarações tão equilibradas quanto insossas, fugindo como um mestre das armadilhas espalhadas no seu caminho e configuradas em perguntas de jornalistas e avaliações de analistas políticos. Não comete erros. Mas, por outro lado, é uma esfinge. Um enigma impenetrável e indecifrável. Nem Maguito Vilela nem o filho Daniel o conheciam até que foi indicado para compor a chapa como vice, sob o patrocínio do deputado federal João Campos e do Republicanos, dentro da estratégia de fazer contraponto para a chapa de Vanderlan Cardoso, que também é evangélico, porém de outra denominação, e que dentro do mesmo raciocínio escalou o católico Wilder Morais na sua vice.

Para complicar as coisas, Rogério Cruz cruzou a campanha em brancas nuvens. Não apareceu. Seu lugar foi ocupado por Daniel Vilela, que passou a falar pela chapa e pela campanha desde que o pai foi afastado pela Covid-19. O resultado é que o prefeito empossado nunca teve a oportunidade de dizer o que pensa, regra que, mesmo agora, já efetivado, continua seguindo. Fez discursos, deu entrevistas e tudo o mais que se espera de alguém investido em um cargo tão importante como o de prefeito de Goiânia, só que perseverando em não enunciar e não conceituar além de garantir que será fiel ao legado de Maguito.

Convenhamos, isso é quase um zero absoluto. É preciso, de qualquer forma, admitir que o momento é de luto e que seria talvez imprudência ir além. Certo. Ainda assim, dá para prever que algumas condicionantes, em breve, vão gritar bem alto. Rogério Cruz vai aceitar trabalhar no gabinete número um do Paço Municipal como prisioneiro do MDB, vigiado dia e noite pelo carcereiro e secretário de Governo Andrey Azeredo?  Vai, provavelmente devagar, pelo menos no começo, impor um jeito próprio de administrar? Mexerá no secretariado para torná-lo parecido com a sua cara e superar a limitação de ser um governante sem cota pessoal na equipe de auxiliares, na qual só tem como gente da sua confiança particular o chefe de gabinete? Aceitará, enfim, o papel de marionete, quando, no final das contas, a bomba estourará é no seu colo se algo der errado?

As respostas não demorarão. A aposta deste blog, leitoras e leitores, é que Rogério Cruz, de bobo, não tem nada.