Nota de Marconi e Zé Eliton contra a privatização da Celg D é de uma infantilidade política sem tamanho ao comprar uma briga na qual eles ficam em posição muito constrangedora
Em Goiás, alguns políticos com carreira longa insistem em cometer erros e provar que, como disse Talleyrand dos reis luíses na França pós-revolucionária, não só não aprenderam nada positivo durante a sua passagem pelo poder como também nada esqueceram quanto ao que fizeram de equivocado, insistindo em práticas deletérias para si próprios. Esse é o caso dos ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton, que mais uma vez romperam o silêncio obsequioso que deveriam estar obedecendo, em proveito dos seus próprios interesses pessoais, para assinar uma “nota oficial” sem o menor sentido contra a privatização da Celg GT, em andamento por iniciativa – corretíssima – do governador Ronaldo Caiado.
Para começo de conversa, ser tucano, ou melhor, ter no currículo a filiação ao PSDB, é ser a favor de toda e qualquer privatização. Nenhum partido jamais terá no Brasil antecedentes tão poderosos quanto a venda de estatais como eles, por exemplo, ao passar para a iniciativa privada o complexo bilionário das telecomunicações no país. Aliás, merecendo aplausos efusivos eternos. O salto tecnológico que se seguiu para o setor foi monumental. Não é exagero dizer que há um Brasil antes e depois que Fernando Henrique Cardoso liquidou a presença governamental nos serviços de telefonia até então pautados por uma tecnologia jurássica e altamente prejudicial tanto para a vida privada das cidadãs e cidadãos quanto para o desenvolvimento nacional. Graças a isso, temos hoje um dos mais modernos parques de telefonia do mundo.
Não há como justificar tucanos falando contra privatizações. É oportunismo político de baixa categoria ou, desculpem a expressão, leitoras e leitores, burrice em grau extremo. Foi o que Marconi e Zé Eliton fizeram, esquecendo-se de que eles torraram a Celg por alguns trocados, depois que a empresa acabou arrebentada pela perda da usina de Cachoeira Dourada, por iniciativa do então governador Maguito Vilela, e pela má gestão dos governos do PSDB. E o pior é que nem um (Maguito) nem outros (Marconi e Zé) nunca souberam dizer o que foi feito com o dinheiro arrecadado, igualando-se na dilapidação do patrimônio público das goianas e dos goianos.
Somadas as peripécias contábeis e administrativas que “sanearam” a Celg, em razão dos empréstimos que foram contraídos para limpar a companhia e possibilitar a sua entrega para a incompetente Enel chilena sem contas a pagar, o rombo foi grande. Nos cofres estaduais, em troca de uma de uma empresa listada entre as 150 maiores do Brasil, ingressaram pouco mais de R$ 800 bilhões, deixando para trás um acréscimo à dívida estadual de R$ 4 5,6 bilhões – que você, eu e todos os que pagam impostos em Goiás passaremos os próximos 20 anos quitando. Jamais, em tempo algum, algo tão danoso foi feito para arrasar o caixa do governo estadual, a não ser quando Maguito alienou Cachoeira Dourada, o maior de todos os crimes que foram cometidos até hoje contra Goiás.
A Celg GT foi o que sobrou de bom nessa infelicidade toda. É uma empresa enxuta e bem encaminhada, que vale ouro para os investidores do setor elétrico. Precisa ser privatizada porque atua em uma área onde não se justifica mais a presença do Estado. E também para arrecadar recursos – seu preço, embora bem menor em tamanho, será superior ao da Celg estourada pelos tucanos, em torno de R$ 1 a 1,5 bilhão – importantes no momento em que Goiás tem a chance de se reorganizar financeira e voltar a praticar políticas públicas e a construir obras para beneficiar a população, em uma brecha história raríssima que não pode ser perdida.
A Marconi e a Zé, fica o conselho: por que não se calam?