Crise na prefeitura de Goiânia(2): legado de Iris, com 89 obras inacabadas e caixa raspado para a sua conclusão, levou Rogério Cruz à decisão de afastar o MDB e viabilizar a gestão
O legado que o prefeito Rogério Cruz recebeu do seu antecessor Iris Rezende não é leve, ao contrário, consiste em um fardo pesado com potencial para inviabilizar a sua gestão: são 89 obras de tamanho expressivo, nenhuma com mais de 50% de execução e, da mesma forma, sem recursos assegurados para a sua conclusão. É por isso que a promessa da campanha do MDB e do então candidato Maguito Vilela, garantindo que todas seriam terminadas, não tem hoje a menor possibilidade de realização. Seria necessária uma montanha de dinheiro que simplesmente não existe.
Tudo o que Iris disse nos seus dois últimos anos de mandato não corresponde à verdade. Isso sem falar que ele prometeu concluir todas as obras que iniciou, meta da qual passou longe. E os supostos R$ 1,2 bilhão que apregoou ter deixado em caixa são uma fantasia. Rogério Cruz recebeu os cofres raspados e um passivo monumental em matéria de asfalto, viadutos, CMEIs, extensões de avenidas e o tal de BRT que não tem a menor possibilidade de ser concluído nos próximos anos. Se tivesse sido sucedido por um adversário político radical, Iris estaria hoje no foco de um tiroteio que provavelmente abalaria a imagem de bom gestor público que sempre tentou construir.
Sem trocadilho, se tivesse que carregar essa cruz sem abrir o bico para reclamar, como pretendiam o MDB e o seu presidente estadual Daniel Vilela, o prefeito de Goiânia estaria cometendo suicídio e assumindo uma dívida com a população da capital que não é da sua responsabilidade. Da mesma forma, se ficasse submetido ao hipotético “plano de governo” de Maguito Vilela, ao qual o emedebismo cobra fidelidade e que, passado a limpo, é uma ficção. Do que tinha de supostamente importante, o IPTU Social e o programa Renda Família, Rogério Cruz já concretizou, com repercussão mínima na vida das famílias vulneráveis da capital. IPTU Social e Renda Família são fiascos, sem o impacto que a decantada preocupação de Maguito com a vida das pessoas carentes esperava que tivesse – mesmo porque são projetos que foram concebidos mais para catar votos e do que de fato apoiar quem precisa de apoio.
Atrelado à extensa lista de obras não terminadas de Iris e aos projetos marqueteiros de Maguito, Rogério Cruz não teria futuro nenhum, ainda mais diante das suas limitações pessoais para o cargo de governante de uma metrópole de 1,5 milhão de habitantes. Ou se libertava da opressão do passado – Iris – e de um morto – Maguito – ou se furtaria de ter pelo menos uma chance de acertar. Com o braço forte dos seus pares da Igreja Universal, resolveu reagir, no que está certo. A questão agora é ver onde tudo isso vai dar.