Candidatura ao Senado de alguém que não tem a menor identidade com Goiás e não aparece no Estado há anos e anos não tem cabimento: o caso Meirelles
Henrique Meirelles já deu o que tinha que dar na política brasileira sem deter um mandato, conseguindo até ser candidato a presidente da República, desafio que o levou a um fracasso acachapante, terminando a eleição de 2018 com menos votos que o cabo Daciolo – apesar das dezenas de milhões de reais que gastou. Dizendo de outra maneira, ele foi até onde o seu dinheiro o levou, mas enfrenta hoje um desgaste e um esgotamento que imagina superar candidatando-se ao Senado por Goiás, em 2022, e conquistar a vaga às custas do seu poderio financeiro.
Tudo bem, é um milionário a mais que acha que pode comprar posições de destaque e isso, em certa medida, é aceitável em uma democracia capitalista, embora condenável, por presumir a superioridade insalubre da pecúnia sobre ideias e propostas. Mas é preciso um mínimo de fundamentação, de escopo. Como é que alguém que não conhece a realidade de um Estado pode pretender a sua representação na mais alta Câmara Legislativa do país? Meirelles não aparece em Goiás há anos, não é nem eleitor registrado na Justiça Eleitoral estadual e sequer tem residência aqui. Com alguma generosidade, para evitar expressões mais pesadas, pode ser definido como um aproveitador, alguém que persegue a realização das suas ambições pessoais às custas do sentimento coletivo e da unidade de origem que cria um elo de ligação entre todas as goianas e todos os goianos, da qual o ex-ministro não faz nem nunca fez parte.
Tomara que vá em frente e dê com os burros n’água. Uma boa derrota, a essa altura da sua vida, seria benéfica para a sua comprensão do mundo.