Mau jornalismo de O Popular arrasta até vocações promissoras, como a repórter que fez a matéria sobre o “evento” dos emedebistas a favor da candidatura própria, sem emedebistas
Por que diabos O Popular insiste em desvirtuar os fatos e a enterrar a sua credibilidade para vender a imagem de que existe um movimento de expressão dentro do MDB goiano a favor da candidatura própria a governador em 2022?
Vejam a repórter Elisama Ximenes, uma das mais promissoras vocações do jornalismo recente em Goiás. Ela fez uma matéria sobre o “evento” dos emedebistas contra a aliança com o DEM, mas de cabo a rabo, no texto, não mencionou quais emedebistas teriam comparecido, além do prefeito Gustavo Mendanha e do deputado Paulo Cézar Martins e mais ninguém de peso ou importância mínima dentro do partido. Quer dizer: a apuração sobre as presenças no encontro, que seria fundamental para a verificação da existência real interna dentro do MDB de um movimento a favor da candidatura própria… não foi feita. Ficou que “emedebistas” defenderam a candidatura própria. Quais “emedebistas”? A jornalista tinha a obrigação de mencionar. Não o fez.
O encontro, leitoras e leitores, em uma noite sombria no espaço de eventos do Ateneu Dom Bosco, atrás da Assembleia, foi um fiasco. Além de Mendanha e Paulo Cézar, foram apresentados como destaque um obscuro advogado militante do MDB, Ênio Salviano, cujas redes sociais o mostram como um radicalóide bolsonarista que tem o costume desrespeitoso de chamar o Supremo Tribunal Federal de “Tribunal Federal da Mentira”. É alguém que não é ninguém, a não ser segundo O Popular, que o classificou entre os “emedebistas” a favor da candidatura própria. O nível do “evento” desceu ainda mais com a escalação, para a mesa, de um mal afamado Tiago do Piso, dono de uma loja de materiais de construção em Senador Canedo que se candidatou pelo PSL a prefeito, em 2020, saindo-se com ridículos 3,54% dos votos. Se é com esse tipo de “trunfo” que Mendanha conta para a sua aventura político-eleitoral no ano que vem, é inevitável concluir que está muito mal.
Porém, se vcs, leitoras e leitores, se informam exclusivamente pelo noticiário de O Popular, não ficaram sabendo de nada disso. Talvez tenham até absorvido a impressão de que houve, sim, um pomposo “evento” de emedebistas a favor da candidatura própria, o que não aconteceu: não havia emedebistas, só gatos pingados que o pretensamente mais importante veículo de comunicação do Estado, sem ciência da responsabilidade desse status, divulgou sob o título “Emedebistas defendem candidatura própria em encontro com Gustavo Mendanha”. Pfff…. que “emedebistas”? Mendanha e Paulo Cézar? Isso é muito pouco. Faltou a honestidade de informar, como já dito, que não havia “emedebistas” defendendo a candidatura própria, a não ser um, dois, três, quatro e cinco, sendo dois – André Fortaleza e Vilmar Mariano – do time inferior e subordinado a Mendanha, em Aparecida, um o referido Salviano e mais nenhum, fora as tristes figuras do prefeito e do deputado. Atenção: não havia mais qualquer um de significância lá.
Seguir o acompanhamento de O Popular, pelas suas páginas e site, significa o mesmo que um bom roteiro para desentender o que está acontecendo na política estadual. Antigamente, o então governador Marconi Perillo e seu acólito Zé Eliton eram demonizados pelo POP, chegando mesmo jornalistas conhecidas como Fabiana Pulcineli e Cileide Alves a prever que seriam derrotados em 2010 e 2014, o que, obviamente, não aconteceu. Os mesmos Marconi e Zé, hoje, foram promovidos a bastiões da oposição, premiados periodicamente com páginas inteiras de entrevistas, assim como Mendanha, que não é alvo de uma linha crítica ou de avaliação verdadeira. O pobre jornalismo de O Popular acredita que é seu dever alimentar alternativas contra quem quer que esteja no poder, embora se omita vergonhosamente sobre o presidente Jair Bolsonaro, que nunca mereceu uma linha editorial contra as suas loucuras no matutino dos Câmaras que, em mais de 80 anos de imprensa, nunca geraram um único jornalista profissional, mas muitos homens de negócios.
Na verdade, Gustavo Mendanha é um blefe que só existe porque tem a simpatia dessa gente.