Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 fev

Nada do que Mendanha planejou e esperou deu certo, ele não conseguiu criar uma base sólida para a sua candidatura a governador e, se insistir, é óbvio que estará pulando no abismo. Vai desistir

Parece óbvio que o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha tanto planejou quanto esperou bem mais do que conseguiu em quase um ano de luta para viabilizar a sua candidatura a governador, hoje uma aventura que corresponde a saltar no abismo e contar com a sorte para chegar ileso ou pouco machucado ao solo. Nada deu certo. Os supostos 12 partidos que o assediavam desapareceram como fumaça no ar, restando como certos apenas os nanicos PTC, DC e o Patriota de Jorcelino Braga, liberado pela desistência – ou fuga – do ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot, por falta de votos até mesmo entre a própria família.

Escrevo sempre neste blog que a política, ainda mais quando se trata de eleições e de forma aguda quanto a pleitos majoritários, é um terreno onde os fracos não têm vez. Está aí o exemplo do próprio Jânio Darrot. Mas é preciso acrescentar: para os despreparados, também não há espaço. Exemplo? O ex-vice e ex-governador José Eliton, um advogado talentoso, porém politicamente inepto, que custou caro ao ex-governador Marconi Perillo diante do investimento que recebeu sem ter a menor qualificação para ser levado aonde foi, o que só resultou na sua transformação anunciada em coveiro do PSDB em Goiás.

Mendanha está incurso nas duas classificações: é fraco e é despreparado. Sempre improvisou e nunca demonstrou qualquer tipo de competência, nem mesmo administrativa (anotem aí, leitora e leitor, porque voltarei ao assunto: ele não  cumpriu nem uma única das promessas que fez, aliás poucas, nas suas campanhas para o 1º e 2º mandatos), já que devolveu Aparecida ao retrocesso econômico (desde que assumiu, não houve mais investimentos industriais no município e isso muito antes da desaceleração trazida pela pandemia) e não soube desfraldar um discurso mínimo que garantisse a atração de apoios significativos para a sua pré-candidatura (além de gente como Magda Mofatto e similares, que cultiva forte ressentimento por não ter sido atendida em seus interesses pessoais pelo governador Ronaldo Caiado). Os mais de 90% de votos que conquistou na reeleição podem ser suficientes para enganar Aparecida. Para convencer Goiás, não. Quem segue Mendanha pelas suas ideias? Ninguém, porque não as há.

Na política, para quem não tem ideias o voo é curto. Que alguém me diga o que esse Mendanha pensa sobre Goiás e seu futuro e faço questão de mudar de opinião. Ele não pensa. Diga-se o que se quiser dizer de Caiado, mas o governador, mesmo antes da 1º eleição, em 2018, já representava uma proposta consistente de rumo para o Estado. Depois de assumir, mais ainda. Caiado conseguiu o que aparentava ser impossível em várias frentes, a começar pelo ajuste fiscal que trouxe o fim do histórico desequilíbrio entre receitas e despesas dos governos passados (e não só do PSDB, do MDB também). Só a redução da criminalidade que o governador conseguiu, em três anos de mandato, justifica a sua gestão. Notou, amigo e amiga, que qualquer um pode atender a uma chamada de celular na calçada sem correr o risco de levar um revólver na cabeça ou sacar trocados no caixa eletrônico sem enfrentar risco de vida? Pois é. Não foi por acaso que a pesquisa Serpes/Acieg consignou a Segurança com apenas 4% no ranking de preocupação captado entre os entrevistados. Imaginem o que seria do Estado com Mendanha no comando? Respondo: um pulo no escuro.

Como alternativa de poder para tudo isso e muito mais, Mendanha nunca mostrou nada além de uma cabeça vazia. Como dito, é fraco e é despreparado. Ele se considera um “mito”, como já disse a jornalistas, mas é daqueles com pés de barro. Não é à toa que não atraiu apoios interessantes e se limitou a instrumento de vingança para os insatisfeitos com Caiado. Isso, absolutamente, não constrói uma candidatura da importância de uma postulação ao governo do Estado. Errou monumentalmente ao se afastar de Daniel Vilela, que não conseguiu substituir no imaginário em torno do seu nome. Abriu-se uma lacuna e ela está lá. Daí que a aposta mais provável é a sua desistência, por falta de condições mínimas de segurança para abandonar dois anos e nove meses de mandato em uma prefeitura que é a segunda mais importante do Estado, pelo orçamento e pelo tamanho da população governada.