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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

10 mar

Grupo político de Mendanha, que ele batizou de “bloco oposicionista”, cabe em uma van pequena e comprova que não existe apoio para sustentar minimamente a candidatura a governador

Vejam a foto acima, leitoras e leitores e se impressionem. Trata-se do registro de uma reunião na noite desta terça, 8, daquilo que o próprio prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha chamou de “bloco oposicionista”, ou seja, as lideranças e partidos que ele imagina suficientes sustentar a sua candidatura ao governo do Estado. O grupo, enfim, que vai tocar a candidatura de Mendanha. O “evento” praticamente não foi noticiado. E nem mesmo citado nos perfis sociais de todos os poucos que compareceram, o que não deixa de ter algum significado. Em política, tem certas coisas que é melhor esconder.

O “bloco oposicionista” é uma denominação para lá de generosa para os gatos pingados reunidos por Mendanha. Não há ali ninguém de expressão superior ou habilitado para produzir uma ressonância política à altura de ultrapassar suas bases municipais ou então de entoar um discurso cuja amplitude seja satisfatória para se comunicar universalmente com a sociedade. O melhor é o deputado estadual Major Araújo, que foi o vice desconhecido de Iris Rezende em Goiânia em 2016 e depois se candidatou em 2020 à sucessão do próprio e Iris, quando teve desempenho pífio, recebendo ridículos 3,38% dos votos das goianienses e dos goianienses ou 20.300 sufrágios, pouco mais do que a metade do que alcançou para deputado estadual em 2018 (38.200 votos). São números que não mentem e que atestam a condição real de Major Araújo, sem nenhuma universalidade e longe de ostentar um perfil majoritário. E lembrando que o fiasco em Goiânia teve a ajuda da escabrosa falta de respeito com que se refere aos adversários e aos inaceitáveis abusos verbais que são a sua triste marca registrada.

Respeitosamente: em uma congregação onde Major Araújo é destaque, imaginem o resto, leitoras e leitores.  Está lá a deputada federal Magda Mofatto, como liderança política sem dúvida nenhuma uma grande empresária. Falta o seu colega Prof. Alcides, outro da mesma linhagem, ineptos, ambos, para explicar de forma persuasiva o que pensam e defendem como parlamentares e para que servem os mandatos que arrancaram das urnas às custas de poder financeiro. E mais três deputados estaduais: Delegado Humberto Teófilo, cópia mal acabada de Major Araújo, inclusive na língua de trapo, Paulo Cézar Martins, um eterno e destrambelhado meninão, e Cláudio Meirelles, de todos o mais preparado e maquiavélico, tanto que a cada eleição só cuida de garantir o seu mandato na Assembleia, limite do seu horizonte, e nada mais, todos eles – os deputados federais e estaduais ali emparelhados – de olho nos votos que Mendanha pode arranjar para eles em Aparecida, senão a casa cai e o prefeito perde o aliado interesseiro.

A foto mostra ainda, em uma das extremidades, um pastor evangélico, chamado para esconjurar os maus espíritos e afastar os eflúvios tóxicos, e três representantes de partidos nanicos, que é o que Mendanha amealhou até agora: Levy Rafael, do Avante; Fernando Meirelles, irmão de Cláudio, do PTC; e Alexandre Magalhães, da DC. Desponta também Flávio Canedo, presidente estadual do PL, que, juntamente com a esposa Magda Mofatto, fracassou em convencer o presidente nacional Valdemar Costa Neto a franquear o partido em Goiás para a filiação de Mendanha nem muito a autorizar uma declaração definitiva de apoio à candidatura do prefeito aparecidense.

Fora todos esses quase desconhecidos, ainda há uma figura incógnita entre Paulo Cézar Martins e Cláudio Meirelles. Seria alguma das supostas lideranças de peso cujo apoio Mendanha vive anunciando, sem revelar nomes? Quem sabe? E, enfim, o vice-prefeito Vilmar Mariano, de todos os que sorriem na foto o único com motivos palpáveis para comemorar: ninguém mais, a não ser ele, tem a ganhar desde agora com uma eleição que ainda virá daqui a quase sete meses e será pautada pelo favoritismo do governador Ronaldo Caiado. Vilmarzim é o felizardo que assumirá em no início de abril a prefeitura da segunda maior cidade do Estado e comandará a partir de então um orçamento anual de quase R$ 2 bilhões de reais. fato que deveria fazer Mendanha chorar ao invés de sorrir, pelo tamanho do butim que escapará por entre os seus dedos.

Imagens são indesmentíveis. E essa foto vale por mil palavras. O grupo político que vai carregar a cruz da candidatura de Mendanha ao governo cabe dentro de uma van pequena. Nada similar deu certo em lugar nenhum e que ninguém venha com comparações em relação a Jair Bolsonaro, em 2018, ou Marconi Perillo, em 1998. Ambos, cada qual em seu momento, representavam anseios da sociedade e tinham estruturas poderosas que os respaldaram, mesmo inicialmente com a aparência de inviáveis. Sim, eles contaram com uma dose monumental de sorte, em razão das conjunturas e variáveis extraordinárias nas eleições que venceram, Bolsonaro sem Lula como adversário e Marconi com a fadiga que o eleitorado subitamente descobriu quanto ao MDB de Iris Rezende e Maguito Vilela. Nem o momento em Goiás repete o clima daqueles dois pleitos nem Mendanha parece agraciado por algum tipo de fortuna, ao contrário, só padecendo limitações.

Quem está na foto: da esquerda para a direita: deputado estadual Humberto Teófilo, deputado estadual Major Araújo, deputado Paulo Cezar Martins, deputado estadual Cláudio Meirelles, um desconhecido, deputada federal Magda Mofatto, Gustavo Mendanha, representante do Avante Levy Rafael, presidente estadual do PL Flávio Canedo, presidente do PTC Fernando Meirelles, presidente da DC Alexandre Magalhães, vice-prefeito de Aparecida Vilmar Mariano e pastor da Igreja Renascer João Queiroz.