Manual que ensina a perder eleições(2): Wilder Morais não sabe dizer o que fez em 7 anos no Senado nem Luiz do Carmo nos seus quase 4 anos
Um fantasma assombra parte dos candidatos que vão disputar as próximas eleições majoritárias em Goiás: é a falta de perfil majoritário, ou seja, a ausência de características de universalidade para se apresentar perante o eleitorado que vai escolher o próximo governador e um senador da República. A maioria dos nomes é segmentada, atendendo apenas a visões parciais da sociedade e do processo político. Raros, como o governador Ronaldo Caiado, se comunicam com o conjunto da população, aliás, ninguém mais do que ele, neste instante.
Candidatos a eleições majoritárias têm que ter amplitude representativa. Vejam, leitoras e leitores, o Major Vitor Hugo: é um nome que só atende ao bolsonarismo de raiz e tanto que nem sequer mostra interesse em aumentar esse espectro de penetração. Não tem nada a dizer a Goiás, só ao público fiel do presidente. E há Gustavo Mendanha, candidato das ilusões perdidas da massa manipulada de Aparecida. Já para o Senado, a eleição deste ano trará um excesso recorde de postulantes, quase todos com perfil apenas proporcional, isto é, com pinta de deputado estadual ou federal, onde atendem a faixas específicas de opinião. Generalizado, há o ex-governador Marconi Perillo, que este blog acredita que concorrerá a deputado federal, único caminho para contornar a sua rejeição cavalar. Depois dele, vem o Delegado Waldir, ainda não consolidado, mas com perfil majoritário em formação acelerada, ainda mais depois que abandonou aqueles trejeitos ridículos que imitam o manuseio de armas de fogo e se afastou do bolsonarismo maluco. Prestem atenção em Waldir, amigas e amigos. Ele é o “cara” para a próxima eleição senatorial.
Este texto, contudo, destina-se a falar de dois dos pretendentes ao Senado, que deveriam ter uma posição privilegiada e um retrato majoritário poderoso, já que ambos exerceram (um ainda exerce) – por acidente – o mandato de senador por praticamente sete anos, Wilder Morais, e quase quatro anos, Luiz do Carmo. Wilder, na condição de 1º suplente beneficiado pela cassação de Demóstenes Torres, e Carmo também 1º suplente premiado pela vitória de Ronaldo Caiado para governador em 2018. Sim, Wilder Morais e Luiz do Carmo. Um foi senador, outro é, oportunidade de ouro que jogaram no lixo ao passar pela mais importante Câmara Legislativa do país em brancas nuvens.
Luiz do Carmo, que caiu de paraquedas no Senado, padece do mesmo infortúnio de Wilder Morais: está lá há quase quatro anos e fez o quê? A exemplo de Wilder, um trator aqui, um caminhão ali, verbas aleatórias espalhadas por esses e aqueles municípios, só que nada de importância estruturante, revolucionária para a vida dos eleitores. Papel de senador não é esse. Com uma folha em branco para atestar o nada que fizeram, como justificar suas candidaturas em uma eleição em que o impacto dos serviços prestados ganha força sobre as ideologias e os arranjos políticos, haja vistas à sólida liderança do ex-presidente Lula nas pesquisas?
O manual que ensina a perder eleições parece ter sido lido por Wilder (e por Luiz do Carmo) da primeira à última página e já faz tempo. Um é milionário materialista (Wilder), outro é evangélico remediado (Carmo). Isso só piora as coisas, em ambos os casos. O rico não sabe nem como gastar o seu dinheiro na campanha, como deixou claro em 2018, ao não acreditar no seu próprio nome, mesmo de certa forma raspando o resultado final, classificando-se em um honroso 3º lugar, à frente de Lúcia Vânia e Marconi Perillo, performance da qual dessa vez vai passar longe. Já o religioso quer continuar senador porque, obviamente, é bom para ele, depois de quatro anos mostrando que, no Senado, não passou de um vereador de corrutela, politicamente sem eira nem beira. Duas pretensões sem sentido e duas derrotas antecipadas.