Vanderlan não sabe qual o papel de um senador da República, acha bonito servir de despachante de luxo para prefeitos em Brasília e eis no que deu: ele é o principal nome do escândalo dos caminhões de lixo
Empresários na política sempre dão errado. Talvez como decorrência do raciocínio a que estão acostumados, ou seja, o fluxo de caixa e não a interpretação de demandas verdadeiramente entranhadas na sociedade. Em Goiás, praticamente todos fracassaram, até hoje, em suas experiências na política, no máximo passando por eventuais situações de destaque, mas inevitavelmente desmascarados e soçobrando, no final. Nenhum chegou jamais ao governo do Estado.
O exemplo da vez é Vanderlan Cardoso. Neste fim de semana, ele é protagonista de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo que é simplesmente vergonhosa para ele, ao mostrá-lo como corretor de caminhões compactadores de lixo, no olho do furacão do mais recente escândalo do governo Jair Bolsonaro. Antes de resumir do que se trata, uma lembrança: este blog já registrou por diversas vezes que Vanderlan não tem noção do papel de um senador da República. Não sabe o que é nem para que serve. Com quase quatro anos empoleirado no mandato, é uma página em branco, que repete o desastre de Lúcia Vânia e Wilder Morais – os dois, aliás, terminaram expelidos do Congresso – como despachante de luxo dos municípios. No caso de Vanderlan, daí para essa lambança dos caminhões de lixo, foi um pulo.
Vejam só, leitoras e leitores: Vanderlan, representante de Goiás no Senado Federal, apequenou-se com negociações com empresas fantasmas, como o Estadão demonstra sem contestação, em negócios para o fornecimento de caminhões de lixo para prefeituras, a serem pagos com dinheiro de emendas ao orçamento da União, inclusive as do próprio Vanderlan (outra citada é a deputada federal Magda Mofatto, também empresária e também sem a menor consciência do que significa ter uma cadeira na Câmara). Pessoalmente, Vanderlan ligou e manteve contatos pessoais com as tais empresas laranjas, uma das quais funciona em uma casa abandonada e tomada pelo mato em Goiânia. Meteu a mão na sujeita e ainda admitiu o que fez ao Estadão, tentando se cobrir com uma capa de desculpas esfarrapadas.
O que o Estadão fez? Procurou um especialista em Direito Administrativo e ouviu uma crítica pesada, que pega muito mal para Vanderlan. Segundo o advogado Anderson Medeiros Bonfim, a atitude do senador, ao praticamente intermediar um negócio relacionado a 10 caminhões compactadores, fere o princípio da moralidade pública. “Parlamentar não é administrador público, razão pela qual deveria se cingir às suas atribuições institucionais, sem se imiscuir ou procurar influenciar contratos administrativos em execução. O ato de indagar se há estoque de determinado produto é uma conduta atípica, que deve ser investigada”, afirmou.
Ser rico, vencer na vida, não tem nada a ver com uma trajetória positiva na política, está mais uma vez provado. Vanderlan, se esse episódio crescer, pode terminar muito mal.