Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 jun

“Agro” em Goiás é lenda inventada por O Popular, não tem votos para eleger ninguém e representa muito mais uma vocação econômica, com alguma expressão política, mas jamais uma força nas urnas

Todas as edições recentes de O Popular, mais a “coluna” Giro, assinada pelo jornalista Caio Salgado, têm feito referência a um suposto “agro”, que, em resumo, seria uma força política e eleitoral que viria do campo, principalmente da região Sudoeste do Estado, onde a produção agrícola é muito expressiva, porém a pecuária nem tanto. Prestem atenção, leitoras e leitores: esse “agro” inventado pelo jornal da família Câmara, que nunca gerou um único jornalista, mas somente comerciantes do setor de comunicação, esse “agro” é uma invenção que não para de pé.

Não há um único deputado, estadual ou federal, eleito pelo “agro” em Goiás. Todos eles tiveram que se reportar a colégios eleitorais tradicionais, gastando as suas moedas, porque, assim como o setor industrial, a estruturação do negócio de grãos e gado se dá em bases territorialmente esparsas, um fazendeiro aqui, outro acolá. Nem José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura, foi levado pelo “agro” para a Câmara Federal, por onde, aliás, teve uma passagem pífia, sem nada para assinalar o seu mandato como minimamente importante para quem quer que seja, muito menos para os seus colegas ruralistas.

O próprio O Popular publicou um levantamento sem pé nem cabeça, estimando o potencial eleitoral do “agro” em Goiás em torno de 200 mil votos. Primeiro, é um chute vergonhoso, diante da falta de critérios objetivos ou científicos para se chegar a esse número. Segundo, se uma corrente de opinião, em qualquer Estado brasileiro, se escora em reles 200 mil votos, isso significa que ela não tem presença real na vida da sociedade. Um Delegado Waldir, sozinho, com mais de 274 mil sufrágios em 2018, vale mais do que isso, ou seja, tem mais peso que o tal do “agro”. Imaginem só: nosso Estado tem 4,7 milhões de eleitores, o que representaria, nesse universo, apenas 200 mil votos?

Verdadeiro nessa estória de “agro” é que há um agronegócio poderoso em Goiás, que pode chegar a 40% do PIB estadual com a sua intercessão com a indústria de transformação de alimentos. Aí, sim. Mas estamos falando de economia e não de política ou menos ainda de eleições. Esse “agro”, ao contrário do que O Popular insiste quase que diariamente, está fechado com a reeleição do governador Ronaldo Caiado e mais: trabalha para que o presidente Jair Bolsonaro desista da aventura representada pelo Major Vitor Hugo e coloque a sua tentativa de reeleição em sintonia com a de Caiado. Entidades articulada com as lideranças goianas, como a ABCZ, de Uberaba, ou a própria CNA, cuja presidência será assumida por José Mário Schreiner, já manifestaram essa opinião ao presidente. O “agro” quer Caiado pela sua vinculação histórica com o setor e Bolsonaro porque colocou fim nas invasões de terras e na infiltração esquerdista dos órgãos governamentais voltados para os seus interesses. O resto é lorota.