Jornal Opção chama Mendanha de “mestre dos erros”, em uma bela definição da trajetória do ex-prefeito desde que se meteu na aventura de disputar o governo do Estado sem ter estatura para isso
Duas visões sobre o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, nos últimos dias, merecem reflexão: uma, do Jornal Opção, definindo Mendanha como “mestre dos erros”, e outra do veterano jornalista Helton Lenine, afirmando ser capaz de enumerar “100 erros” que o ex-prefeito cometeu desde o dia em que se lançou no abismo da sua candidatura ao governo do Estado.
Estão certos, o jornal e o jornalista. O acúmulo de equívocos cometidos por Mendanha ajudou a produzir os números da pesquisa Serpes/O Popular da noite deste domingo, 21, mostrando uma disparada do governador Ronaldo Caiado ao crescer 10 pontos e chegar a 47,6% das intenções de voto ou 63% dos votos válidos, o que dá vezo, segundo finalmente reconheceu a equipe de O Popular, a uma vitória tranquila no 1º turno. “Vitória tranquila”, a propósito, é a adjetivação significativamente escolhida pelo texto do jornal que apresentou o levantamento do Serpes.
Voltando ao Mendanha: considerando-se a si próprio como um “mito” e argumentando ter sido escolhido por Deus para governar Goiás, o ex-prefeito ignorou as regras básicas da política e tentou atropelar as etapas do que teria tudo para ser uma carreira promissora. Não conseguiu nada e perdeu tudo. Os poucos apoios que vieram logo se dispersaram. Levou no nariz as portas de todos os partidos políticos importantes em Goiás, até mesmo do Republicanos, que acabaria compondo na sua coligação, mas não aceitou a sua filiação. Rastejou atrás do presidente Jair Bolsonaro e foi escorraçado. Sem saída, se viu forçado a se agregar a uma legenda nanica, o inexpressivo Patriota, onde é menor que o seu presidente estadual – um marqueteiro, Jorcelino Braga, que atua com o fígado e não hesitou em colaborar para enterrar a candidatura de Mendanha. E daí, em meio a uma enxurrada de desacertos, veio o maior de todos.
Quem com Marconi Perillo fere com Marconi Perillo será ferido. Mendanha desprezou a hipótese de uma aliança com o PSDB e, mais tarde, até mesmo a possibilidade informal de uma campanha junto ao ex-governador. Marconi teria levado uma sigla de peso para respaldar o aparecidense, além da sua inegável capacidade de articulação e da vantagem de figurar em primeiro lugar para o Senado. Mais grave, Mendanha saiu falando mal de Marconi, dizendo entre outras estultices que a aproximação com ele colocaria um alvo em sua testa. Coitado. Seria exatamente o contrário, teria havido uma alavancagem. Resultado: Marconi saiu da disputa para o governo e suas intenções de voto, depois das agressões de Mendanha, foram em massa para o governador Ronaldo Caiado, o que liquidou a eleição. Mais: como postulante ao Senado, baixou em Aparecida e arrebentou o ex-prefeito no seu próprio quintal ao atrair o apoio da metade dos vereadores locais e esvaziar a candidatura associada a ele de João Campos. Daí, o precipício se abriu para engolir Mendanha.
Desde a redemocratização Goiás nunca elegeu governadores menos do que muito bem-preparados e qualificados para o cargo, afora representar grandes tendências sociais e políticas do Estado cristalizadas em partidos de expressão. Não é preciso ficar repisando quais foram – Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi Perillo. Até mesmo Alcides Rodrigues, eleito por influência de Marconi em 2006, se encaixa minimamente nessa avaliação. Mendanha afoitou-se ao imaginar que poderia se alinhar com essa estirpe de lideranças consagradas, quando, na verdade, não passa de um anão diante desses gigantes – aliás, não à toa, ele chamou Caiado de “gigante” em um discurso de campanha no último sábado, 20. O despreparado e arrogante professor de Educação Física que nunca trabalhou na profissão e nunca teve um emprego fora da prefeitura de Aparecida deu um passo em falso e agora vai pagar caro com a aniquilação do seu futuro.