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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 ago

Pesquisa Serpes/O Popular mostra que o desastre bate à porta de Mendanha e Vitor Hugo: os dois caminham para sair menores do que entraram nesta eleição

Imagino que a noite de domingo tenha sido amarga para o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e para o deputado federal Vitor Hugo: a divulgação da pesquisa Serpes/O Popular comprovou que nenhum dos dois possui a estatura exigida para se meter na aventura a que se propuseram, ou seja, disputar o governo do Estado enfrentando um gigante como o governador Ronaldo Caiado.

A pesquisa foi uma verdadeira bomba atômica e surpreendeu em todos os seus itens. Indicou que Caiado vai massacrar a concorrência quando sair o resultado das urnas de 2 de outubro, vencendo no 1º turno com uma margem espetacular de votos válidos. De cada 10 eleitores, o levantamento do Serpes mostrou que entre seis e sete vão concordar com mais um mandato para o governador. Além disso, Caiado predomina em todos os recortes: regiões geográficas, idade, nível de ensino e religião. Supera com folga o evangélico Mendanha entre os evangélicos. E isso a 40 dias exatos da data do pleito, com o último cartucho – o horário de propaganda eleitoral gratuita – prestes a ser deflagrado, na próxima sexta, 26 – mas provavelmente pouco servindo aos antagonistas, que contam com segundos apenas para vencer o desconhecimento e a desconfiança que cercam os seus nomes.

Caiado terá metade de toda a comunicação pelo rádio e na TV. Dias atrás, o marqueteiro Jorcelino Braga disparou uma das maiores besteiras da sua vida profissional: afirmou que muito tempo pode se voltar contra o candidato supostamente beneficiado, segundo ele. É uma visão infantil, uma mistificação para vender falsas esperanças. Primeiro, por subestimar a capacidade dos experts que farão os programas de Caiado, amparados em pesquisas qualitativas qualificadas e em tecnologia de ponta. É óbvio que será assim, dada a estrutura da campanha do governador. Depois, porque esse raciocínio pode ser aplicado também a quem tem pouco tempo, o que representa um desafio ainda maior. Braga, por exemplo, terá que se virar em 0,58 segundos em cada um dos dois blocos diários de propaganda eletrônica, além de duas inserções de 0,30 segundos na grade diária, de vez em quando três para reunir as sobras. Já é pouco, mas pode ser muito pior: imaginem, leitoras e leitores, se o presidente estadual do Patriota – e um dos responsáveis pela inviabilização de Mendanha ao afastar o ex-governador Marconi Perillo, em um dos maiores equívocos já cometidos em matéria de estratégia eleitoral em Goiás – errar na mão? Os programas vão se virar contra Mendanha.

O fato é que nem Mendanha nem Vitor Hugo, o segundo menos ainda que o primeiro, não deveriam esperar muito do horário eleitoral. Talvez, nada, realisticamente falando. Trata-se de uma aposta perdida, que poderia ter sido melhorada lá atrás, quando não conseguiram atrair partidos para as suas coligações e ficaram condenados à condição de postulantes nanicos. Na pesquisa Serpes, Mendanha cresceu 1,0 ponto e Vitor Hugo 0,6 décimos, o que, comparando-se a Caiado, que espichou sua vantagem em mais 10 pontos, é um desempenho pífio, além de neutralizado pela margem de erro do levantamento. Pífio e totalmente incompatível com a obrigatoriedade de ampliação da base de intenções de voto das suas respectivas candidaturas a esta altura dos acontecimentos ou seis semanas para a data das urnas.

O autor deste blog já acompanhou muitas eleições de perto em Goiás e pode garantir que Mendanha e Vitor Hugo não têm a menor noção do que é uma campanha que cumpre com os seus requisitos básicos e procura de forma inteligente e estruturada chegar até a sociedade. Eles não dispõem sequer de uma assessoria de comunicação capaz de enviar releases, agendas e fotos. Andam pelo Estado afora como fantasmas, cujo paradeiro é ignorado. Apresentaram propostas sem impacto. Não sabem como e por onde criticar o adversário. Mendanha tem um site onde posta imagens da sua movimentação. Pasmem, leitoras, a página não é atualizada desde o dia 15. Não publicou nem mesmo as cenas das caminhadas e carreatas de sábado, 20, que, internamente, tiveram a importância de dar partida à sua jornada em busca de votos. Algo pode ser encontrado nas redes sociais do ex-prefeito de Aparecida, porém ele tem um número pequeno de seguidores. No Twitter, pouco mais de 8 mil. Caiado passa de meio milhão e assim por diante nos demais perfis. Não há comparação possível.

Quem analisa os números da pesquisa Serpes não é levado a outra conclusão senão a de um desfecho melancólico para Mendanha e Vitor Hugo, construído por eles mesmos, parte pela ineficiência como candidatos, parte pela deficiência quanto aos predicados indispensáveis para um governador de Estado. Sem tempo de rádio e televisão, sem redes sociais amplificadas e bem pilotadas e sem capacidade para montar eventos mobilizatórios, terminarão desconhecidos como começaram. Sugados pelas urnas, sairão menores do que entraram.