Senado: eleição ainda está em aberto, mas Marconi cresce mesmo ameaçado por uma rejeição que ele precisa diminuir
A pesquisa Serpes/O Popular mostrou um cenário em movimento na disputa pela vaga senatorial disponível para Goiás neste ano, com o ex-governador Marconi Perillo crescendo quase seis pontos, o que é importantíssimo, e os demais concorrentes envolvidos em uma dança das cadeiras – detalhe: com Vilmar Rocha aparecendo já com 3,5% das intenções de voto, somente 15 dias depois de ter a sua candidatura lançada à última hora, valendo a lembrança de que Vilmar transita na mesma base que sustenta Marconi e, de todos os postulantes, é o que mais tem cara e jeito de senador.
Como Marconi ainda desfruta do 1º lugar em matéria de rejeição e toma uma surra do Delegado Waldir em Goiânia, maior colégio eleitoral e classicamente definida como caixa de ressonância para todo o Estado, não é possível falar em probabilidade de vitória, por ora. O instituto Serpes ainda fará mais três ou quatro pesquisas até a data da eleição e cada uma deverá trazer revelações importantes quanto ao Senado. No entanto, Marconi é favorecido pela sua inegável capacidade de articulação política e de arrecadação de fundos, quesitos em que está anos-luz à frente dos adversários, talvez com exceção do milionário Alexandre Baldy. Não, Wilder Morais não entra nessa comparação porque, sim, é rico a perder de vista, só que não gasta. Perdeu em 2018, sua verdadeira grande oportunidade, porque não meteu a mão no bolso para investir em cabos eleitorais de peso, como, por exemplo, os candidatos a deputado estadual e federal e maior densidade nos municípios.
O ex-governador tucano tem a vantagem de ser ultraconhecido do eleitorado. Nem Delegado Waldir passa perto. A outra face dessa moeda valiosa é que, da mesma forma, os motivos para a recusa ao seu nome se enraizaram perigosamente na sociedade, muito mais, como se sabe, em Goiânia. Isso elegeu Jorge Kajuru em 2018, ao se colocar como contraponto para Marconi. Delegado Waldir provavelmente tentará essa cartada, mas os tempos são outros e um erro de dosagem pode fazer o feitiço a se voltar contra o feiticeiro.
Cada dia é uma agonia para Marconi. Manter o ambiente atual, em que ele não é atacado por ninguém, é decisivo. Para isso, é fundamental também não atacar quem quer que seja, para evitar um debate prejudicial. É uma modulação delicada, que, até agora, Marconi vem conseguindo imprimir à sua campanha. Duas características suas atrapalham: ele é uma espécie de galo de briga, que não tolera desaforos, por um lado, enquanto, por outro, tem a mania de fazer proselitismo eleitoral relembrando o seu passado de governador que fez muito e acha que tem que ser recompensado por esse serviço prestado. De certa forma amadurecido pelos quatro últimos anos de revezes, que ensinaram mais lições do que os 20 anos que passou como senhor absoluto do poder em Goiás, o ex-governador tem acertadamente recorrido pouco a esse artifício, que repetidamente já se mostrou ineficaz para atrair eleitoras e eleitores – voto é investimento e não manifestação de gratidão, conforme diz um expert no assunto, o sociólogo e cientista Antônio Lavareda.
Conclusão de tudo isso: Marconi está no páreo e está bem, porém depende de passos seguros e calculados para não escorregar nas cascas de banana plantadas no seu caminho. A disparada do governador Ronaldo Caiado, com 63% dos votos válidos na pesquisa Serpes/O Popular, ajuda, na medida em que induz Caiado para um discurso de estadista, sem concessões a detalhes menores da política estadual como as suas eventuais rivalidades – e Marconi é a maior. Isso fornece um espaço seguro para a campanha do ex-governador, desde que não faça bobagens. Para ele, os próximos 40 dias até as urnas serão uma eternidade.