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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 ago

Horário eleitoral no rádio e televisão começa expondo o drama de Mendanha e Vitor Hugo: o tempo que eles têm é exíguo demais para gerar algum retorno, ainda que mínimo

Começou nesta sexta, 26, o horário eleitoral no rádio e na televisão. Para os candidatos a governador, são dois blocos diários de 10 minutos cada, um no almoço e outro no jantar, e um total de 27 inserções de 0,60 segundos espalhadas pela programação. Não é muito porque obviamente isso tem que ser dividido, no caso de Goiás, entre seis candidatos (nove disputam o Palácio das Esmeraldas, mas três patrocinados por partidos nanicos sem acesso à propaganda gratuita). Além disso, mais da metade de todo esse tempo vai para o governador Ronaldo Caiado em razão da volumosa coligação que montou para sustentar a sua candidatura.

Há, sim, um monumental desequilíbrio a favor da visibilidade de Caiado. É a lei, contudo. Cada campanha só recebe o percentual do horário gratuito que corresponde ao tamanho das bancadas partidárias na Câmara Federal eleitas em 2018. E aí as coisas se complicaram para Gustavo Mendanha e Vitor Hugo. Mendanha estruturou uma frente de partidecos de aluguel, dentre os quais apenas o Patriota e o Republicanos ajudaram na conquista dos 0,58 segundos em cada bloco e duas pílulas, eventualmente três com a soma periódica das sobras, atribuídos a ele. Vitor Hugo, isolado com o PL, levou uma fatia ainda menor: 0,51 segundos em cada bloco, acrescentando-se, como Mendanha, duas inserções por dia, às vezes três para fechar as contas.

É pouco, pouco, muito pouco. Quando aparecem na telinha, mal dá para fixar a atenção antes que desapareçam. Enquanto isso, lá está Caiado a todo momento para mostrar e falar do que foi o seu governo e do que será o próximo. Não tem comparação. A superioridade é esmagadora, cumprindo o preceito básico da publicidade televisiva: repetição é fundamental. Mendanha e Vitor Hugo apenas incidem com uma presença quase aleatória, sem possibilidade de criar nenhum recall – o que é grave, já que são políticos desconhecidos da maioria das goianas e dos goianos.

Infelizmente, a lei de Murphy reza que tudo que é ruim pode ser piorado. Mendanha é um exemplo. No primeiro dia do horário gratuito, a sua propaganda, já curta, ainda foi prejudicada pela baixa qualidade do vídeo em que aparece ao ar livre, com os olhos apertados por causa do sol forte, em um esgar de quem está sofrendo ou tem dificuldade para se expressar. O amadorismo técnico da imagem, péssima, comprometeu a sua mensagem, que… alguém dentre as leitoras e os leitores que assistiram saberiam dizer qual foi?(vejam o print acima, quem quiser conferir pode ir ao Instagram de Mendanha). E o que dizer de Vitor Hugo? Ele exibiu um desanimado presidente Jair Bolsonaro afirmando que o candidato “tem tudo para dar certo”, citando virtudes que, em uma disputa eleitoral, não têm peso, como o fato de ter passado em um concurso público em primeiro lugar. O “Tem tudo para dar certo” corresponde a uma condicional. Vende a impressão de que o presidente alimenta dúvidas sobre a capacidade do seu apadrinhado.

Caiado, enquanto isso, fez o dever de casa. Sem pressa, passeou por cenas de multidões consagradoras e adiantou uma abordagem das áreas de Saúde, Educação e Segurança, o forte da sua gestão, combinando prestação de contas com propostas para o futuro. No total, ao longo do primeiro dia, usufruiu de quase 20 minutos de propaganda. Mendanha e Vitor Hugo, dois minutos e meio, cada, ou aproximadamente 10% do espaço que beneficiou Caiado. Neste sábado, 27, Vitor Hugo não terá nem um único segundo, nem pílulas nem participação nos blocos, que serão dedicados aos candidatos a presidente. Mendanha contará com duas inserções, mas no domingo, 28, sumirá, com apenas uma pílula (não haverá blocos). Para quem depende de aumentar o seu grau de conhecimento entre o povo, é um desastre.