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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

28 ago

Já tem pesquisa dando Delegado Waldir à frente de Marconi, por centésimos de ponto. Não é confiável, mas, mesmo assim, vale como aviso para um repeteco de 2018

A polarização entre o ex-governador Marconi Perillo e o deputado federal Delegado Waldir pela vaga senatorial disponível para Goiás, nesta eleição, caminha a passos rápidos para centralizar as atenções e pode já ser interpretada como decorrência de um erro de avaliação do tucano – que teria garantido com 100% de certeza o seu retorno ao palco principal da política estadual e nacional candidatando-se à facilidade de um mandato na Câmara dos Deputados, aliás, como fez seu colega Aécio Neves, em Minas Gerais, e não colocando todo o seu futuro em jogo ao tentar uma cadeira na mais alta Câmara Legislativa do país.

Marconi preferiu arrumar todos os seus ovos em uma só cesta, mergulhando em uma aposta temerária. Ousadia é uma coisa, imprudência é outra. Seu principal concorrente é Delegado Waldir, figura para lá de popular, simpático, humilde, contando com uma estrutura espetacular de campanha – leia-se: dinheiro, graças aos fundos milionários do União Brasil, e tempo de propaganda no rádio e televisão, também via UB, além da companhia do governador Ronaldo Caiado. Na pesquisa do Ipec (ex-Ibope), Waldir apareceu em empate técnico com o ex-governador, dentro da margem de erro, com uma curta distância de somente 6 pontos entre os dois. Mas agora é que vem o incômodo para Marconi: em uma pesquisa do instituto Goiás, publicada pelo site Mais Goiás (mais de 1,1 milhão de seguidores nas redes sociais) neste fim de semana, Waldir despontou ligeiramente à frente, com 16,93%, enquanto Marconi cravou 16,81%. Complicou.

Sim, o instituto Goiás, para sorte de Marconi, ainda não conquistou a credibilidade necessária para a aceitação dos seus resultados sem as dúvidas obrigatórias. Não é confiável: seus números divergem amplamente daqueles apurados pelo Serpes – considerados básicos para a comparação a aprovação, se for o caso, de todas as demais empresas produtoras de levantamentos eleitorais em Goiás. Para o Senado e para o governo do Estado, os dados levantados pelo instituto Goiás são absolutamente desproporcionais, ao atribuir, por exemplo, 14,37% a Wilder Morais, uma impossibilidade, ou 16,44% para Major Vitor Hugo na corrida pelo Palácio das Esmeraldas, índice 4 vezes superior ao obtido por ele no Serpes (e igualmente no Ipec). Marconi, no entanto, deve se preocupar. Sua candidatura, diante da rejeição inerente, tem um potencial de derrota maior que o de vitória. E o lançamento de Vilmar Rocha foi uma surpresa adversa: Vilmar é da mesma base política e tira votos do ex-governador, não de Waldir. Alexandre Baldy é outro que tira também, como indica a dilatada estrutura de prefeitos que montou.

Não servindo para parametrizar o pleito senatorial, a pesquisa do instituto Goiás tem a função de alertar para a hipótese de um crescimento do Delegado Waldir, aproximando-se perigosamente de Marconi, ameaçando repetir 2018, quando ele, Marconi, foi atropelado na reta final por Vanderlan Cardoso e Jorge Kajuru, caindo para o 5º lugar no páreo pelo Senado. Já foi pisado e repisado nas postagens deste blog: o tucano, ao escolher postular o Senado, assumiu um risco exageradamente elevado, pelos custos envolvidos (o encerramento precoce da sua carreira política). Qualquer descuido será fatal.