Serpes/O Popular declara empate técnico entre Marconi e Delegado Waldir e instala pânico na campanha tucana ao abrir a possibilidade de repetição de 2018

Agravou-se e muito a situação do ex-governador Marconi Perillo na aventura inconsequente em que se meteu ao preferir a insegurança da disputa pela vaga no Senado em vez de garantir o seu futuro político buscando a salvaguarda de uma cadeira na Câmara Federal – por onde, com um mandato na mão, retornaria confortável ao palco principal da política estadual e nacional. A pesquisa Serpes/O Popular da noite desta sexta, 9, declarou empate técnico entre ele e o Delegado Waldir: o tucano, em relação ao levantamento passado, publicado em 15 de agosto, manteve-se na casa dos 24,6% das intenções de votos, enquanto Waldir subiu 3, 1 pontos e foi para 18,5% – mordendo os calcanhares de Marconi.

É empate técnico. A margem de erro da pesquisa é de 3,5 pontos para mais ou para menos. Isso iguala os dois na faixa dos 21,5 a 22%. Para Marconi, exala um cheiro desagradável, ao deixar claro que ele está sendo contido pela sua rejeição, em especial no maior colégio eleitoral do Estado, a região metropolitana de Goiânia. Waldir, embalado pela poderosa campanha do governador Ronaldo Caiado, de quem não se descola nem para ir ao banheiro, e pela vantagem do maior tempo de propaganda no rádio e TV, ganhou tração e tem tudo para aumentar o ritmo na reta final de aproximação da data das urnas – atropelando o ex-governador e repetindo 2018, mesmo sem os fatos policialescos envolvendo Marconi naquela época, porém ainda não desvanecidos pelo tempo e daqui para ali capazes de influenciar no resultado deste ano.

A inserção de Goiânia nesse raciocínio favorece mais ainda Delegado Waldir. Ele tem 23,1% na capital, quase o dobro de Marconi, parado com os seus 13%. É a velha estória: caixa de ressonância para o resto do Estado, Goiânia é a semente da virada de Waldir – e ele está acertando no tom da campanha no horário gratuito do TRE, com ênfase total em propostas para uma atuação no Senado. O jingle é um tiro no alvo ao incorporar as eleitoras e os eleitores com o verso “com ele no Senado junto eu quero ir”, uma fórmula que expressa em palavras a mesma simpatia dos programas de Lula ao exibir pessoas do povo envergando a faixa presidencial. E isso sem falar na cutucada da musiquinha em Marconi, ao afirmar, em outro trecho, que “Waldir nunca abandonou nosso Estado”, alusão óbvia a infeliz mudança do seu concorrente para São Paulo após a derrota nas últimas eleições.

O ex-governador nunca explicou esse buraco arregaçado na sua biografia. Faz uma campanha de vencedor antecipado, de salto alto, mais uma vez exigindo reconhecimento e voto pelos feitos como governador. Sim, diminuiu um pouco esse tom, mas, como o uso do cachimbo entorta a boca, não parou com o blablablá sobre seu suposto “legado” – uma ficção estranha ao mundo real da população e seus desafios no dia a dia. Neste sábado, 10, em O Popular, lá está Jaime Rincón, eterno braço-direito de Marconi, na coluna Giro, falando de novo nessa bobagem. Não dá, antes tira votos. Eles, os tucanos de Goiás, precisam entender que os seus governos não fizeram favor e apenas cumpriram a obrigação de trabalhar pelo Estado, sendo muito bem pagos para isso. Cobrar pagamento nas urnas é chutar longe do gol.

A diferença a favor de Marconi, na pesquisa anterior do Serpes, era de 9,6 pontos. Caiu para 6,1. É motivo de sobra para entrar em pânico, além do impacto do empate técnico dentro da margem de erro, aliás sugerido por outros institutos. Esses números criam uma expectativa enormemente auspiciosa para o Delegado e, perigo, estimulam a base governista a uma união informal em torno do seu nome, abandonando as candidaturas que parecem condenadas a não decolar, no caso Alexandre Baldy e Vilmar Rocha. Ouvi de uma fonte da campanha do ex-governador: o Serpes patenteou, “de forma claríssima”, que ele está sob ataque, não consegue reagir e assim não ganha. Recusando-se a mudar, a si próprio e ao seu discurso esfarrapado, o Marconi antigo e com a cara de filme já visto é presa fácil para Waldir.