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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 set

Fiasco que se prenuncia nas urnas para Mendanha é histórico: será o preço a pagar pela arrogância, coleção de erros na articulação política, deficiências do discurso, marketing equivocado e total despreparo

Nunca, desde a redemocratização iniciada em 1982, Goiás terá visto um fiasco nas urnas como o que se prenuncia para o ex-prefeito de Aparecida Gustavo “Oi, gente” Mendanha – a caminho de uma derrota acachapante, correndo hoje o risco, como mostrou a pesquisa Serpes/O Popular desta sexta, 16, de cair para o 3º lugar ao ser superado pela candidatura do Major Vitor Hugo e ter menos votos do que o emedebista Daniel Vilela conquistou em 2018, quando terminou com 16,14% dos votos válidos.

Mendanha, pelo Serpes, já rolou para a faixa dos 20%, em votos válidos. E descendo. Major Vitor Hugo vem crescendo pouco, mas consistentemente, e é de se prever que alcançará o ex-prefeito por um motivo muito simples: ele conta com uma âncora, o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Em qualquer circunstância, Bolsonaro mantém uma base radical de 10 a 15% dos votos em Goiás. Está em baixa, é verdade, e entrou em empate técnico com Lula no Estado, conforme mostrou o levantamento do Serpes. Mas, ainda assim, mantém e manterá um potencial mínimo de seguidores apaixonados. São eles que estão alavancando, mesmo devagar, o Major.

Mendanha, ao contrário, não conta com nada. O “mestre dos erros”, apelido a ele brilhantemente atribuído pelo Jornal Opção, arranjou um vice supostamente para representar o agronegócio e a região Sudoeste. O Serpes mostrou o tamanho do equívoco: no entorno de Rio Verde, Major Vitor Hugo passou à frente do ex-prefeito com 14,7% a 7,8%. Lá, o governador Ronaldo Caiado tem 51%. Tudo isso significa que a escolha do ex-deputado federal Heuler Cruvinel para a chapa do Patriota foi um remendo improvisado e rasgou fácil.

Outra solução, o deputado federal João Campos para o Senado, também foi desastrosa. Ruim de campanha e de discurso, Campos inexplicavelmente definiu-se como um candidato de nicho – e nicho onde ele sequer tem maioria, como o bolsonarismo e o eleitorado evangélico. Daí, não acrescentou grande coisa para Mendanha. Não levou nem o Republicanos, seu partido, incorporado formalmente à coligação de nanicos chefiada pelo Patriota, porém deixando para trás a maioria das suas lideranças de expressão, como o prefeito de Goiânia Rogério Cruz. Essas, preferiram ficar com a reeleição de Caiado.

Restaria algo a conquistar com o marketing dos programas de rádio e TV. Ooooops… outro revés. Jorcelino Braga fez o pior serviço da sua carreira profissional. Criou na televisão um candidato sem conteúdo e sem peso, quase um fedelho brincando de aspirante a um posto da importância de governador do Estado. Ridículo. Mas, convenhamos: Mendanha é péssimo quando se apresenta pessoalmente. Não transmite sinceridade nem responsabilidade, ainda mais com a imagem descontraída usando camiseta e camisa aberta sobre o peito. E a vozinha. Não poderia ser diferente: primeiro estacionou, depois despencou, perdendo três pontos da pesquisa Serpes anterior para a última.

Podem escrever, leitoras e leitores: ele vai continuar em queda. Suas intenções de votos estão se transferindo para Major Vitor Hugo, graças ao bolsonarismo que o ex-prefeito tentou atrair, mas não convenceu. Minimamente, Mendanha não passa de um arremedo de candidato. Passou um ano falando mal de Caiado e não abalou o governador. Não tem credibilidade. E está agora condenado a uma das mais massacrantes derrotas da história das urnas em Goiás. Já era.