Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

23 set

Caiado prova que é diferenciado e que não faz política por baixo do pano ao firmar apoio aos 3 candidatos da base ao Senado e não se envolver em manobras para privilegiar um ou outro

Já se cogitou exaustivamente sobre as vantagens de uma guinada da base do governador Ronaldo Caiado a favor de um só dos três candidatos avulsos ao Senado – Delegado Waldir, Alexandre Baldy e Vilmar Rocha, o que facilitaria a imposição de uma derrota ao ex-governador Marconi Perillo e impediria o seu retorno ao palco principal da política em Goiás. Sim, parece ser um movimento lógico e funcional. Se Caiado abandonasse Baldy e Vilmar e se empenhasse na recomendação ao nome de Waldir (ou em vez de Waldir qualquer dos outros dois), é bem provável: mudanças haveria nas pesquisas e Marconi talvez não tivesse continuidade tão bem quanto está no momento.

Qualquer governador do passado faria isso, possivelmente. Caiado, não. Ele assumiu o compromisso de apoiar igualmente os seus três senatoriáveis e ponto final. Jamais recuaria. Da sua lavra, nunca se ouviu uma palavra capaz de ser interpretada como favorecimento a esse ou aquele. E não se ouvirá, mesmo sendo público e notório que a concentração de apoio em um único nome poderia produzir uma reviravolta e tirar o mandato que Marconi está perto de conquistar. E mesmo sendo óbvio antecipar: em 2026, o tucano vai sair para o governo, colocando em risco o legado da gestão caiadista.

O jornal O Popular insistiu teimosamente na tese da escolha de um só candidato pelo governador. A coluna Giro ficou por conta desse noticiário especulativo. Não aconteceu. Na verdade, Caiado criou um problemão para o jornalismo político em Goiás e para a classe política: quebrou os paradigmas aos quais todos estavam acostumados. Definia-se como institucional a maneira de articular de Iris Rezende, de Maguito Vilela ou de Marconi Perillo, dentre outros, absolutamente semelhante. O que eles faziam era o padrão dominante e incluía maquiavelismos e sinuosidades, aliás, normais e aceitáveis, pelo menos dentro de contexto de outrora. Durante 40 anos, foi esse o modelo dominante na política estadual. Mais: foi assim que ela era feita pelos diversos atores (e atrizes, por que não?) atuantes nesse período. O uso desse cachimbo entortou a boca da equipe de O Popular, agora deslocada pelo jeito de ser de Caiado.

De iniciativa do governador, não há mais esse concerto repleto de manobras ardilosas dantes consideradas como triviais e rotineiras. Caiado não desenvolve e não promove arranjos por baixo do pano e avisa a todos sobre esse seu modo de conduta. Diz o que vai fazer e faz como fala. Seus passos são claros, pela frente, não pelas costas de ninguém. Por isso, quando deu a palavra prometendo isonomia aos três postulantes da base ao Senado, eles – Waldir, Baldy e Vilmar – acreditaram e toparam o jogo. Provavelmente, com qualquer governante de antigamente, essa história seria diferente. A que temos em Goiás, portanto, é uma nova realidade. A propósito, prestes a ganhar o endosso da maioria esmagadora das eleitoras e eleitoras para mais quatro anos.