Mendanha, Vitor Hugo e Wolmir são tão fracos que Caiado passará para a história como o primeiro candidato ao governo que fez campanha sem um único ataque ou crítica aos adversários
Façam uma avaliação, leitoras e leitores: até aqui, a praticamente uma semana para a data das eleições, o governador Ronaldo Caiado segue com a sua campanha inteiramente propositiva, sem jamais, em momento algum, desde que iniciada a movimentação eleitoral, recorrer a qualquer crítica aos seus adversários. Caiado nunca disse um “a” sobre Gustavo Mendanha, Major Vitor Hugo ou Wolmir Amado nem mesmo diante dos ataques e às vezes insultos que os três dispararam contra a sua pessoa, em alguns casos desrespeitosamente, porém em todos infrutiferamente.
Isso é inédito na história política de Goiás. Caiado se comportou assim porque não foi preciso nada diferente. O governador disputa uma eleição marcada por um piramidal desequilíbrio entre a sua estatura e a dos antagonistas. Venhamos e convenhamos: qual dos três – Mendanha, Vitor Hugo e Wolmir – tem aptidões, ainda que mínimas, para as exigências de um mister espinhoso como o de governar Goiás? Nenhum. Qual deles tem um projeto alternativo de poder minimamente formatado para atender às expectativas das goianas e dos goianos e justificar uma mudança de rumo? Nenhum. Que representatividade política e social um e outro mostraram? Nenhuma. Suas candidaturas são produto de arrogância, caso de Mendanha, equívoco, quanto ao Major, e mero desejo de servir a uma campanha presidencial, em se referindo a Wolmir em relação a Lula – essa última explicação de certa forma válida também para o preposto do presidente Jair Bolsonaro.
Não há como não concluir: a presente eleição representa uma distorção histórica que a política estadual nunca viu antes. Desde a redemocratização, em 1982, todos os pleitos foram demandados por forças orgânicas realmente entranhadas na sociedade, com postulantes de peso e expressão se confrontando em batalhas eleitorais raramente resolvidas com diferenças acima de 10 a 15 pontos. Havia paridade entre os competidores. Henrique Santillo e Mauro Borges, Iris Rezende e Marconi Perillo, Maguito Vilela e Marconi e assim por diante. Em 2018, esse fio condutor começou a se romper: mesmo muito superiores a Mendanha, Vitor Hugo e Wolmir, mas muito mesmo, Daniel Vilela e José Eliton não estavam à altura de Caiado. Agora, em 2022, a coisa desandou de vez.
A disparidade é tão formidável que, de forma inédita, não haverá reflexos positivos no futuro político de Mendanha, Vitor Hugo e Wolmir. Eles emergirão do dia 2 de outubro menores ainda do que começaram as suas campanhas. Mendanha volta para Aparecida para se reencontrar com a sua verdadeira vocação, a da politicagem provinciana. Vitor Hugo sumirá de um Estado que não conhece e onde não é reconhecido. E Wolmir vergará com a responsabilidade de ter sido o frouxo candidato petista com pior resultado dentre todos os que enfrentaram as eleições em Goiás. Todos eles protagonistas de um fiasco nunca visto antes, transformados em pó de traque porque nem perder bem souberam.