Corrida eleitoral termina com a oposição aprisionada na sua bolha histórica de um terço do eleitorado, sem avançar um milímetro além desse espaço e sem formular um projeto alternativo de poder
É um conhecido chavão da análise política sobre as eleições em Goiás: em princípio, toda disputa pelo Palácio das Esmeraldas apresenta um cenário dividido em três campos iguais de influência, ou seja, um terço do eleitorado a favor da situação, um terço caminhando com a oposição e um terço sem compromisso prévio, bamboleando de um lado a outro e, portanto, concentrando nas mãos – ou nos seus votos – o potencial de decidir sobre quem será eleito para liderar o Estado rumo ao seu futuro imediato.
Tem sido assim, historicamente. E nesta eleição em curso também. No entanto, o montante dos candidatos oposicionistas ainda está abaixo da margem tradicional da turma do contra, conforme mostram pesquisas confiáveis como as do Serpes e Ipec. Nos últimos levantamentos desses dois institutos, todos os postulantes somados, exceto Caiado, totalizam um volume abaixo de 31%, abaixo do terço obrigatório que deveriam alcançar, apesar da proximidade. Como, em toda eleição estadual, é costume surgir um efeito inercial a favor dos representantes da oposição, às vésperas da data do pleito, é de se esperar que, de qualquer forma, o terço dos votos será alcançado, porém não ultrapassado. O fiasco estará configurado.
Essas contas sugerem: Gustavo Mendanha, Major Vitor Hugo e Wolmir Amado, além dos candidatos nanicos, juntos todos, não conseguiram romper a bolha eleitoral do oposicionismo em Goiás. O governador Ronaldo Caiado, enquanto isso, atravessou a do governismo e conquistou a integralidade do terço das eleitoras e dos eleitores teoricamente oscilando como um pêndulo capaz de definir o desfecho do páreo pelo governo estadual. Em outras palavras, além do terço estrutural da situação, Caiado cativou o terço flutuante a partir da aprovação elevada da sua gestão. Por isso, está chegando a resultados entre 62% e 66% em votos válidos.
Olhem novamente, leitoras e leitores, para os números das pesquisas. São exatos ao informar que o governador extrapolou em níveis inéditos o espaço natural de apoio atribuído à sua posição como incumbente. Impressionante: sem deixar escapar ninguém. Em nenhuma eleição anterior, depois da criação dos dois turnos pela Constituição de 1988, qualquer candidato se elegeu com uma frente ampla como essa. Sinal também de que a oposição, globalmente, ou através de um ou outro pretendente, não chegou nem perto da formulação de um projeto alternativo de poder para Goiás.