Empresariado goiano confirma que é o pior do país, politicamente falando, ao aplaudir de pé declaração de voto de Mendanha em Bolsonaro
Em um evento há poucos dias, as principais lideranças empresariais de Goiás aplaudiram de pé o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha quando ele declarou voto no presidente Jair Bolsonaro. Quase ao mesmo tempo, em São Paulo, os maiores capitalistas brasileiros se reuniram com o ex-presidente Lula, trocaram ideias sobre o futuro e, na sequência, premiaram o petista com uma ovação republicana – também de pé. Não, não se tratava de apoio a um candidato. Nada disso. Foi um encontro produtivo para debater e detalhar o que seria o eventual governo daquele que caminha para vencer as eleiçõe presidenciais. As palmas foram para as propostas e as intenções.
Esses dois eventos dão a dimensão da miudeza e do atraso dos tipos dirigentes das associações de maior peso representativo das classes produtoras no Estado. É gente ocupada em tempo integral em defender o perdão de impostos através de subterfúgios como os criminosos incentivos fiscais que receberam às pencas nos governos do PSDB e que significaram, em 20 anos, segundo cálculo anexado em um processo do Ministério Público contra essa lambança tributária, uma renúncia de R$ 250 bilhões de reais – dinheiro que escapou pelo ralo e deixou de beneficiar a população, retido nos bolsos dos marechais da economia goiana.
Em termos de responsabilidade social, os donos do PIB goiano se lixam para os mais pobres, como se viu nos dois anos mais intensos da pandemia do novo coronavírus. Salvo raríssimas e honrosas exceções (cito aqui o sindicato dos produtores de álcool e açúcar, sob o comando de André Rocha, e Sandro Marques Scodro, CEO da GSA Alimentos, que fizeram doações relevantes ), ninguém se mexeu para amenizar o sofrimento das famílias vulneráveis mediante alguma contribuição ou apoio, enquanto em outros Estados – e São Paulo mais uma vez à frente – os grandes nomes do empresariado se uniram para organizar um fundo bilionário para ajudar hospitais e distribuir alimentos.
Aplaudir de pé um ex-prefeito inepto e despreparado já seria demais. Por votar em Bolsonaro, muito pior. Aliás, Bolsonaro nem o quis o Mendanha por perto. Foi rejeitado. O bolsonarismo, leitoras e leitores, é uma ideologia rastaquera que introduziu no Brasil uma mistura fétida de ódio às mulheres, golpismo, desumanidade, ampliação da circulação de armas de fogo, desmonte ambiental e espalhou as trevas da ignorância. Um recuo civilizatório, enfim, promovido por um presidente sem decoro, com a boca suja por uma torrente interminável de palavrões desrespeitando a todo instante as brasileiras e os brasileiros. Um presidente a caminho da derrota nas urnas, talvez em 1º turno, não pelos méritos populares de Lula, mas porque o candidato petista passou a representar a salvação da democracia no país antes que Bolsonaro faça da nação uma cópia da Venezuela.
Felizmente, entidades como FIEG, FECOMÉRCIO, ACIEG e quejandas são limitadas quanto a sua influência social, marcadas pela dedicação exclusiva a interesses corporativos sem compromisso com os princípios do bem comum e com a defesa de ideais coletivos. Sem pensar em Goiás, enfim. São nocivas ao se intrometerem indevidamente na política partidária: teoricamente, entre os seus associados deve existir adeptos de todas as correntes e de todas as tendências. Se qualquer decisão de importância para o Brasil dependesse delas, estaríamos vivendo em uma ditadura.