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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 out

Wilder Morais é tão despreparado que não sabe nem o que fazer para ajudar Bolsonaro em Goiás, no 2º turno, e retribuir minimamente a quem o elegeu senador

O empresário Wilder Morais ganhou pela segunda vez um mandato de senador. O primeiro, quando por pura sorte herdou a vaga de Demóstenes Torres e piruliteou na mais alta Câmara Legislativa por mais de sete anos sem marcar com uma virgulazinha sequer a sua passagem por um ambiente onde brilham os luminares da República. Um fiasco, infelizmente para Goiás, a ser repetido a partir do ano que vem, diante da absoluta inépcia e despreparo de Wilder em todos os sentidos, do intelectual ao político.

Ele não é capaz nem mesmo de articular algum tipo de apoio para a reeleição de Jair Bolsonaro, ampliando a votação do presidente – já boa, ao bater estadualmente Lula da Silva por mais de 500 mil votos. É sua a obrigação de se mexer para ajudar o “padrinho”. No primeiro momento, sem saber como aproveitar o trunfo da vitória inesperada, deu uma indireta no governador Ronaldo Caiado ainda no rescaldo das urnas: perguntado se teria alguma proximidade com o governador no exercício do seu mandato recém-conquistado, respondeu que “iria cuidar dos interesses do Estado”. Algo parecido.

E errado. Qualquer criança se diria já em campo para procurar Caiado e buscar o seu apoio para o presidente. O governador está longe da direita troglodita de Bolsonaro – e de Wilder -, mas é adversário ideológico de Lula. Foi reeleito em 1º turno. É a maior liderança política do Estado e não é de agora, antes tem uma história e uma biografia imaculadas. Pesa. Em menos de 24 horas depois das bobagens vomitadas logo que foi oficializado vencedor da parada senatorial, Wilder deve ter sido avisado do rumo equivocado que estava tomando. Voltou aos jornais e aí, oh meu Deus!, novo besteirol.

Acreditem, leitoras e leitores: para tratar de um assunto vital como o posicionamento de um governador de Estado no 2º turno nacional, ele, Wilder, telefonou para Caiado. Vejam bem: quem precisa de votos, no dia 30 de outubro, é Bolsonaro. Caiado já colocou os seus na capanga. Óbvio: quem quiser o aval do governador é que tem que ir atrás. Presencialmente, nunca por telefone. É até falta de respeito. Caberia a Wilder, se tivesse miolos, bater às portas do Palácio das Esmeraldas, com humildade. Posaria para as fotos e vídeos ao lado de Caiado, sem esperar por uma solução na hora, que não viria mesmo. Já seria um gol de placa. A resposta, é claro, não seria mesmo dada a ele e, sim, diretamente a Bolsonaro, se fosse o caso, por uma questão de liturgia da política. Ainda assim, o novo senador teria cumprido a obrigação de funcionar como interlocutor. Não deu conta e se comportou infantilmente.

Ao ligar para Caiado, Wilder tinha ao seu lado outro incapaz para a articulação política – o também senador, e também acidentalmente, Vanderlan Cardoso. Se tivesse juízo, Vanderlan não só teria sugerido a oportunidade de um encontro pessoal, como deveria acompanhar Wilder na tratativa corpo-a-corpo com Caiado. Não o fez. Nenhum dos dois têm noção sobre como agir para buscar um objetivo tão vital para eles, já que fortalece o campo de atuação que eles escolheram, e para o aliado Bolsonaro, visando a ampliação da sua votação no 2º turno em Goiás. Não vão colaborar em nada o presidente por falta de competência.