O significado da “transição” de Caiado, dele para ele mesmo
O governo que toma posse em Goiás no próximo dia 1º de janeiro é o mesmo que se encerrará a 31 de dezembro. Ou seja: o governador Ronaldo Caiado segue nos próximos quatro anos onde esteve nos últimos quatro, quer dizer, morando na Praça Cívica, no Palácio das Esmeraldas, com todo o significado que emana daí.
Em tese, nada mudará. Ainda mais quando se sabe que a reeleição de Caiado foi produto do desejo de continuidade administrativa do eleitorado goiano, que aprovou o primeiro mandato e achou conveniente para os seus interesses conceder o segundo. Certo, continuidade é uma palavra com carga simbólica negativa e os políticos não gostam de usá-la, porém as coisas são o que são: o que vem aí será a sequência perfeita do que se passou no Estado desde o início de 2019, coloquem o nome que quiserem.
Mesmo assim, Caiado está surpreendentemente promovendo uma “transição”, palavra da moda, alçada às manchetes pela terra de ninguém aberta entre o esgotamento do governo Jair Bolsonaro, a iminência do começo do governo Lula e as equipes que estão trabalhando na transferência do poder de um para outro. De que “transição” se poderia falar, em Goiás, a não ser a necessidade de adaptar a gestão para as promessas a mais que o governador fez durante a campanha?
Há uma resposta. E ela tem um quê de pessoalidade. O Caiado dos próximos anos não será o Caiado visto até agora. Esqueçam o ícone da direita, o antipetista feroz, o defensor intransigente que colocava os interesses do agro acima de tudo, o debatedor de estopim curto que não levava desaforo para casa. Vai se consolidar o conciliador, o governante 100% preocupado com as faixas vulneráveis da população, o rei da responsabilidade fiscal e o possível pré-candidato a presidente da República. Essa é a verdadeira “transição”. Caiado se transformou. Taxou sem dó nem piedade os seus antigos aliados do agro, corretamente. Na prática, dispensou o apoio de um segmento que não tem votos, é atrasado, ignorante e antidemocrático. Fez bem. Essa turma, bolsonarista de quinta categoria, não tem futuro em um mundo de avanço e necessário progressismo, porque não se vive olhando para trás e muito menos sem luzes para enxergar o caminho em meio a escuridão.
Para quem ainda tem dúvida, confiram o que Caiado escreveu nesta terça, 6, em artigo publicado na página de opinião de O Popular: “Nosso povo valoriza suas raízes, tradições e sua origem rural, mas traz a modernidade e o progresso no DNA. Goiás quer cada vez mais novidade, transformação e desenvolvimento real, com foco no rompimento do ciclo da pobreza, no combate à violência e à corrupção”.
Está aí a essência do Caiado que reassumirá o governo daqui a menos de 30 dias. Um governador com o Estado consertado, voltado para o social, para a segurança e para o crescimento econômico. Apenas repetindo o que foi no primeiro governo, com mais ênfase e objetividade agora.