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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

08 dez

Caiado e a continuidade dos colégios militares

Não é preciso lembrar o que todo mundo já sabe: a esquerda sempre nutriu ojeriza pelos colégios militares. No entanto, eles são um sucesso, como, por exemplo, em Goiás, onde a combinação de disciplina rigorosa com a pedagogia tradicional caiu no gosto de largas parcelas da população situada na base da pirâmide social.

O governo Lula, assim que empossado em janeiro, vai agir para acabar com o projeto federal das escolas cívico-militares, uma criação do presidente Jair Bolsonaro logo nos primeiros dias do seu mandato, em 2019. Foram implantadas apenas 54 em todo o Brasil, três ou quatro em Goiás. Em princípio, todas vão retornar ao modelo convencional de ensino, a menos que o governo do Estado as assuma.

Fora isso, Goiás tem hoje 64 colégios estaduais militares, a maioria criada nos governos de Marconi Perillo em resposta à pressão de vereadores, prefeitos e deputados. Peça-se uma avaliação aos pais com filhos neles matriculados e se ouvirá elogios rasgados e defesas enfáticas. Para a classe média sem dinheiro para pagar escola particular, trata-se do paraíso em matéria de educação para a prole.

O governador Ronaldo Caiado, no primeiro mandato, resistiu às sugestões para transformar todas as escolas estaduais de Ensino Médio em colégios militares. Mas instalou alguns, como o de Uruaçu, que tem instalações físicas simplesmente espetaculares. Essa estratégia não mudará na segunda gestão, prestes a se iniciar, ou seja, os que existem seguirão funcionando sob o modelo, com a implantação de um ou outro aqui e acolá. Alinhando-se com o núcleo pensante da Secretaria estadual de Educação, comandado por Fátima Gavioli, o governador já disse que “as escolas militares são importantes, mas não são resposta para todos os desafios da Educação em Goiás”.