Saneago fica, para simbolizar a estabilidade financeira do Estado
Muito se tem escrito sobre o destino da Saneago no segundo mandato de Ronaldo Caiado. Todos acreditam que, no próximo governo, rios de dinheiro vão passar pela companhia, seja através de PPPs – Parcerias Públicos Privadas, seja mediante a venda em bolsa de 49% do seu controle acionário – ambas as providências já devidamente autorizadas por leis específicas aprovadas pela Assembleia Legislativa. Por isso, aliás, o seu comando é o troféu mais ambicionado entre os aliados de Caiado à espera cargos e prebendas na gestão estadual.
Pois bem: o caso da Saneago é perfeito para a aplicação da famosa frase do falecido vice-presidente da República Marco Maciel quando perguntado sobre as consequências de algum fato: tudo pode acontecer, inclusive nada. A empresa até mesmo tem chances de continuar como está – e vai bem, obrigado -, sob o comando de Ricardo Soavinsky, imune a ingerências fora da natureza essencialmente técnica da área de saneamento.
Ao longo de 40 anos dos governos do MDB e do PSDB, Goiás assistiu à dilapidação do seu patrimônio formado por empresas estatais de valor inestimável: bancos como o BEG e a Caixego, a rentabilíssima usina de Cachoeira Dourada e, no final de tudo, a própria Celg. Com um agravante: ninguém é capaz de apontar um benefício para as goianas e os goianos originado nos recursos eventualmente arrecadados. Foi tudo pelo ralo, como resultado da má gestão, da corrupção e da falta de visão dos governantes do passado.
Restou, como gema preciosa, a Saneago. É provável que Caiado, hoje, tenha mudado de ideia e se convencido de que manter a propriedade de 100% da empresa venha a representar um simbolismo especial como afirmação da soberania política e da higidez fiscal do Estado. Mesmo com formação liberal na economia e sem medo das privatizações, tanto que vendeu a Celg Geração & Transmissão, uma sobra dos desvarios praticados no setor elétrico estadual, por uma pequena fortuna, mais que o destinado a Goiás na liquidação da própria Celg. Os fundos obtidos estão guardados, engordando em época de juros altos a conta da previdência do funcionalismo público. No futuro, o atual governador será lembrado pela importância desse gesto, que ele fez sem chamar atenção.