O agro, nacional e goiano, entrou em uma fria ao mergulhar de cabeça no bolsonarismo
Aos poucos, fica cada vez mais claro: o agro brasileiro – e em especial o goiano – tomou uma das decisões mais equivocadas da sua história ao mergulhar de cabeça no bolsonarismo obscurantista e atrasado que acabou derrotado nas eleições passadas.
No fechamento das contas de 2022, até haverá algum crescimento da agricultura em termos de participação no PIB, tanto nacional quanto estadual, mas os números soarão péssimos para a pecuária, que vai despencar entre 6 e 10% em todas as suas frentes de produção em Goiás – bovinos, frangos, suínos e leite. Para 2023, a previsão do tempo é de turbulência e instabilidade. E com um complemento preocupante: o setor perdeu a simpatia do governador Ronaldo Caiado, ao escolher apoiar a candidatura do Major Vitor Hugo, um estranho no ninho sem a menor noção da realidade da economia e do dia a dia das goianas e dos goianos e mesmo assim ficou em terceiro lugar na corrida pelo Palácio das Esmeraldas.
Uma consequência do rompimento com Caiado foi a remoção dos privilégios tributários da agropecuária, já no final de 2022, com a criação da contribuição do agro e também o encerramento da parceria entre a Agrodefesa, órgão do governo do Estado, e o Fundepec, uma instituição privada que tinha a vida facilitada ao pegar carona na estrutura oficial de arrecadação para abastecer as suas arcas sem dar satisfação a ninguém do destino do dinheiro.
Pior, muito pior, é o que vem aí em nível federal, ou seja, a partir da presença de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. A maioria das cabeças pensantes do agro, na verdade, é troglodita e tem horror a políticas ambientais, o que foi amplamente demonstrado durante a presidência de Jair Bolsonaro. Agora, chegou o momento do reverso da moeda. Em prazo recorde, o país caminhará para uma atualização das regras para a preservação da natureza, padrão mundial. Não existem quaisquer dúvidas de que defender a produtividade do campo acima de tudo logo, logo será uma aposta sem o menor futuro. Em Goiás e no Brasil.