Insistência para Caiado deixar de falar dos governos do PSDB é ingenuidade ou má fé
Não é de hoje que O Popular reclama das constantes acusações que o governador Ronaldo Caiado teima em fazer aos governos do PSDB, inclusive citando os malfeitos dessa época no discurso online na cerimônia de posse no segundo mandato.
Cileide Alves já definiu essas falas de Caiado como “ladainha”. Fabiana Pulcineli foi mais categórica e em um podcast do jornal decretou que “ninguém aguenta mais”. Trata-se, da parte de ambas, de uma distorção que nada tem a ver com jornalismo e que corresponde a uma visão limitada da história recente de Goiás. Elas argumentam que o ex-governador Marconi Perillo virou pó de traque, do ponto-de-vista político, e que não fazem sentido e seriam até prejudiciais para a imagem do atual governador as menções recorrentes às bandalheiras do período de governo dos tucanos.
O Popular vê todo governo como ruim e toda oposição como boa. Daí, arrumou também um dito “cientista” político, o professor da UFG Francisco Tavares, para endossar as críticas ao discurso de Caiado. E Tavares não se fez de rogado. Para ele, o governador estaria exercitando uma “rivalidade” com o que já ficou para trás. Sim, leitoras e leitoras, há aí um acerto, ou seja, a afirmação de que Marconi “já ficou para trás”. O erro está na “rivalidade”.
Caiado e o resto do mundo político e jornalístico sabem que o ex-governador tucano já era. Isso é primário. Perdeu o rumo com os erros sucessivos e as derrotas que tomou em 2018 e 2022. Se restou alguma coisa, é algo muito abaixo, mas muito mesmo, do semideus que mandou por 20 anos em Goiás. Por esse ângulo, é verdade que não vale a pena ressuscitar alguém que passa perto da condição de cadáver metafórico. A questão a discutir está exatamente aqui: Caiado não esquece, sim, os governos do PSDB, porém não como antagonistas e, sim, como referência para o engrandecimento da sua própria gestão. É uma estratégia de comunicação.
O governado tem o direito de estabelecer tópicos para ressaltar, por comparação, as boas práticas e as conquistas da sua gestão. Elas existem. A nova realidade de equilíbrio fiscal, o fim da corrupção e a redução drástica nos índices de criminalidade são algumas. Na Educação, nunca os professores tiveram ganhos tão elevados e por isso foram quatro anos sem greves. Há muito mais. Não é um governo perfeito porque nenhum é ou será jamais. Porém, em paralelo com os feitos dos tucanos, está léguas adiante.
Que Caiado diga o que quiser dos seus antecessores. É uma prerrogativa sua. E é melhor botar a boca no trombone do que compactuar através do silêncio conivente. De resto, não é papel do jornalismo reprimir a livre manifestação de ideias para ensinar a um governador o que ele deve dizer.