Candidatura de Ana Paula Rezende em Goiânia é a última tentativa de renovação do irismo
O que é, ou melhor, o que foi o irismo? Uma visão de administração pública 100% focada em obras físicas. No começo, ensaiou um projeto populista de mobilização de massas que, no entanto, perdeu o bonde da modernização do Estado, acabou sucessivamente derrotado nas urnas e foi confinado nas suas últimas manifestações de vida a Goiânia – até a morte do seu mentor, Iris Rezende.
Ainda assim, teve uma longa trajetória política, mais de 60 anos. Essa resiliência, pelo bem ou pelo mal, tende a garantir ao irismo uma sobrevivência mínima, agora nas mãos da filha e herdeira Ana Paula Rezende. Daí, o inevitável: pelo sobrenome, ela estará obrigatoriamente nas especulações sobre o cenário para a próxima eleição para o Paço Municipal.
Seu estofo para ser candidata é indiscutível. Sucessores de famílias ilustres da política costumam enfrentar as urnas sob a alegação de defesa do legado enxergado na carreira do pai ou da mãe. Ganham na maioria das vezes. Na verdade, trata-se de aproveitar um patrimônio eleitoral valioso para desenvolver uma carreira com base em mandatos eletivos. Ana Paula parece ser mais uma expressão desse fenômeno tão comum no Brasil, responsável por boa parte do Congresso e por um número significativo de governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores.
Apesar de jovem, Ana Paula Rezende não chega a ser um quadro de renovação, já que vem da política tradicional. Quanto ao irismo, sim, é, em uma dosagem por enquanto impossível de ser medida. Isso dependerá de passos futuros. Se conquistará cargos como a prefeitura da capital e se mostrará serviço. É importante observar que o assessoramento e o aconselhamento que cercava Iris, e está instalado no entorno da filha, envelheceu ou também morreu, encontrando-se deslocado, no que restou, no mundo novo das redes sociais, da comunicação acelerada e da mudança de parâmetros. Sacudir essa montanha de pó seria decisivo, antes da aventura da busca do voto.