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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

08 mar

Caiado passa o rodo e reduz a oposição a um quase nada jamais visto em Goiás

A cooptação da deputada federal Leda Borges, do PSDB, para a base de relacionamento político do governador Ronaldo Caiado tem um significado que está passando despercebido: simboliza, na verdade, o esvaziamento total e absoluto da oposição em Goiás, em um grau jamais visto antes na história do Estado.

Através de composições diretas e do estabelecimento de conexões civilizadas e educadas, caso dos deputados do PT, por exemplo, Caiado passou o rodo e arrastou para as suas proximidades a maioria das lideranças oposicionistas. Outras se esvaziaram por si próprias, como o ex-governador Marconi Perillo. Nesta quarta, em O Popular, Marconi dá uma série de declarações à coluna Giro sem disparar uma única palavra de crítica ao atual inquilino do Palácio das Esmeraldas.

Pelo seu histórico e pelas duas derrotas sucessivas frente ao caiadismo, o tucano deveria ser o principal elemento de aglutinação da oposição em Goiás. Não é. Falta discurso, inteligência e compreensão sobre o tempo novo (alguém já ouviu essa expressão antes?) instalado na política estadual depois dos quatro anos do primeiro mandato de Caiado. Parâmetros foram quebrados. O governo enveredou por um caminho que mistura profissionalismo com gerenciamento técnico. Não à toa, nem Marconi nem qualquer outro oposicionista sabem o que dizer da gestão.

O ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, principal adversário na eleição de 2022, adotou um tom ameno e propositivo em relação a Caiado. Parece esperar um convite para uma conversa. Em outra frente, o senador Vanderlan Cardoso segue dentro do seu estilo moderado, dando a impressão de que pretende no futuro se opor ao governo, porém não agora. A Assembleia está serena e plácida como um lago de águas paradas. A ruína do bolsonarismo apagou a chama dos destrambelhados da Casa, gente como o doidivanas Major Araújo, hoje mais comedido diante do risco de ser submetido ao rigor da Justiça Eleitoral (e de fato o Major está ameaçado de cassação por processos postulando a cassação da chapa do seu partido, o PL, empurrando como consequência o seu mandato para o ralo).

Caiado aproveita tudo isso para montar o seu segundo mandato. Pretende, como já anunciou, “governar para os pobres”. Mais um motivo, aliás, para que ninguém se coloque contra. Eles são mais de dois milhões de goianas e goianos em situação de necessidade e podem chegar a quatro milhões, pelo critério de baixíssima renda. O governador pode se concentrar à vontade no esforço para melhorar – diminuindo – esses números. Um nirvana de paz e tranquilidade para isso ele conquistou.