Mais que maioria, unanimidade: é como a Assembleia está aprovando projetos do governo
Nem mesmo com uma poderosa lupa seria plausível encontrar, no momento, alguma oposição minimamente consistente ao governador Ronaldo Caiado. Até em um espaço onde essa linha de ação política é obrigatória, do ponto de vista institucional, como a Assembleia Legislativa, inexiste antagonismo ao Palácio das Esmeraldas.
É assombroso. Observem o andamento do Poder desde o início da 20ª Legislatura, a 1º de fevereiro. Todos os projetos enviados pelo governo do Estado receberam aprovação por unanimidade. Nenhum deputado divergiu. Ah, dirão leitoras e leitores, foram matérias de elevado interesse público, criando benefícios concretos para a população, em especial para a faixa de baixa renda, a exemplo do Pacote Social – com a implantação de mais quatro programas de auxílio pecuniário para as pessoas vulneráveis. É inevitável votar a favor.
Ou então a concessão de novos aumentos salariais para os professores. O sensato a fazer é apoiar. Sim, é verdade. Só que no mais das vezes daria para a oposição cumprir o papel básico de oferecer emendas para aperfeiçoar ou ampliar o alcance das iniciativas do Executivo. Explorar as possibilidades, enfim. Na Assembleia atual, nem isso acontece. Tudo o que Caiado encaminha, passa sem um ai.
Não que, nessa situação inusitada, haja desdouro para os deputados não alinhados com Caiado. Numericamente, eles mal chegam a 10, configurando incapacidade para derrubar qualquer coisa. É desestimulante. Poucas vezes uma administração contou com tanto respaldo no front legislativo em Goiás. Porém, a bancada da minoria está renunciando ao seu direito ao espírito crítico e sequer mostra ânimo para discutir ou detalhar projetos palacianos ou investir em uma polemicazinha. Bom para o governador e para o presidente Bruno Peixoto.
A concordância geral, quase automática, revela a mais branda oposição da história estadual. Não apenas facilita a vida de Caiado e da sua alma mater na área social, a primeira-dama Gracinha, responsável pelo atendimento aos pobres – maior prioridade do segundo mandato. Indica que até para a turma do contra a gestão vai bem. E ninguém enxerga sinais de que essas águas deixarão de ser calmas e tranquilas a curto prazo.