Ajoelhado, Mendanha não irá. Mas se Caiado estender o tapete vermelho… acordo fechado
A aproximação entre o governador Ronaldo Caiado e o seu principal adversário nas eleições de 2022, Gustavo Mendanha, continua no radar tanto do Palácio das Esmeraldas quanto do ex-prefeito de Aparecida. A articulação, no entanto, entrou em uma espécie de modo de espera, no aguardo de um primeiro gesto de um lado ou de outro, ambos altamente de olho comprido no acordo.
Pela regra desse tipo de jogo, cabe à parte mais forte a iniciativa de estender a mão. Mendanha não é qualquer um: teve 800 mil votos na eleição para o governo do Estado e mantém intacta sua liderança na região metropolitana, isto é, segue com a popularidade elevada em Aparecida e desfruta de receptividade em Goiânia. Se não estivesse inelegível, em razão da proibição legal para buscar um terceiro mandato de prefeito, seria um nome competitivo nas eleições do ano vindouro na capital.
Anotem aí, leitoras e leitores: Caiado quer, Mendanha idem. Para o governador, nem é necessário relembrar as razões do seu interesse, mas é patente o objetivo de ampliar a sua base e aprofundar o processo em andamento para zerar a oposição ao seu governo, com desdobramentos na sua sucessão – e o vice e futuro candidato ao Palácio das Esmeraldas Daniel Vilela será o maior favorecido, no final das contas. Para o aparecidense, salta o proveito de vir a integrar o principal grupo político do Estado e, mais ainda, ocupar uma pasta de importância talvez como a Secretaria da Indústria & Comércio, justificadamente representando um município – Aparecida – dotado de um monumental parque de fábricas e grandes empresas.
O ajuste, no momento, esbarra na ausência de uma coreografia. Mendanha julga-se digno de um tapete vermelho para a sua chegada à base de Caiado. De certa forma, parecido com o que o governador estendeu para o também ex-adversário Daniel Vilela, com o reconhecimento de que Daniel merecia e teve com o reforço da importância do seu partido, o MDB. O ex-prefeito não aspira a tanto, mas de joelhos dobrados não irá. Nem deveria e está coberto de razão. Caiado e Daniel, por sua vez, precisam atentar para o fato de que o vencedor de uma guerra não deve jamais colocar o pé sobre o peito do vencido. Só pioraria as coisas.