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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

18 abr

Privatização do Ipasgo: não é, mas até que deveria ser

O Ipasgo é um modelo de plano de saúde superado, que acaba pendurando nos cofres públicos parte da conta do atendimento médico ao funcionalismo. Não à toa, passa por crises periódicas. Nos governos anteriores ao de Ronaldo Caiado, protagonizou escândalos seguidos. É uma estrutura arcaica, sobrevivendo a fórceps em um mundo em transformação e modernização contínuas desde sua criação, no início da década de 60, pelo revolucionário – para a época – governo Mauro Borges.

Caiado, felizmente, resolveu acabar com a agonia do Ipasgo, com uma inovadora proposta de conversão da autarquia em uma espécie de fundação ou SSA – Serviço Social Autônomo, na verdade uma entidade de direito privado, mas sem objetivo de lucro e destinada a ser administrada e trabalhar em conjunto com o governo (tutelada, enfim) para garantir assistência médica ao imenso contingente de funcionários do Estado.

Podem anotar, leitoras e leitores: isso, por enquanto, parece um pouco confuso, mas é muito melhor em relação ao instituto atual. Na prática, o Ipasgo evoluirá para uma prestação de serviços semelhante à da Unimed e de empresas iguais, com racionalidade e um padrão elevado de qualidade e custo-benefício. Haverá uma cobertura maior para cada servidor e seus familiares. Pode ser que, um dia, essa configuração ora em implantação leve à extinção em definitivo do Ipasgo e à ocupação do seu espaço pelos planos de saúde em operação no mercado, mesmo porque, tornando-se uma SSA, a similitude entre um e outros será total. Se isso ocorrer, ótimo. Tomara que ocorra.

Cobertos pela Unimed, por exemplo, os servidores estaduais estariam hoje em situação mais favorável, talvez até pagando menos, e ainda por cima protegidos pela fiscalização da ANS – Agência Nacional de Saúde. Caiado, felizmente, soou o gongo: o velho Ipasgo será, finalmente, substituído por uma entidade novinha em folha, livre dos vícios e dos insanáveis defeitos da antiguidade. Não é ainda a privatização necessária. Mas um passo significativo nesse rumo. Já era hora.