Deltran, Crivella… a cada cassação decidida pelo TSE, mais barbas de molho em Goiás
A cassação dos mandatos dos deputados federais Deltan Dallagnol e Marcelo Crivella confirma: a Justiça Eleitoral brasileira endureceu e hoje, ao contrário de tempos até recentes, parece muito pouca disposta a contemporizar com irregularidades praticadas por candidatos e pelos partidos. Não é difícil prever tempos difíceis para os deputados estaduais e federais por Goiás na mira de processos punitivos em andamento acelerado sobre as eleições do ano passado.
Deltan e Crivella abriram uma porteira larga que aguarda a passagem, por exemplo, de todos os parlamentares eleitos pelo PL em Goiás. Quatro federais – Prof. Alcides, Gustavo Gayer, Magda Mofatto e Daniel Agrobom – e três estaduais – Paulo Cezar Martins, Delegado Eduardo Prado e Major Araújo. Eles integraram chapas que não respeitaram o quociente mínimo de 30% de mulheres, o que implica em anulação pura e simples do registro. Consequência, hoje? Perda dos mandatos. Sem dó nem piedade. Conversem, leitoras e leitores, com qualquer advogado eleitoralista e ele vos dirá que não há esperança para esses políticos.
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Tudo indica que vem aí uma festa, mas de sangue, ao estilo dos casamentos de Game of Thrones. Dois deputados estaduais do PSDB, Gustavo Sebba e Dr. José Machado, também caíram no fio da navalha. A chapa tucana para a Assembleia, em 2022, tentou registrar como mulher um homem trans que fez campanha se apresentando integralmente pelo gênero masculino. Não colou e o Ministério Público Eleitoral foi para cima. Os pescoços de Sebba e Machado esticaram-se no cepo.
Tem muito mais. O senador Wilder Morais e os deputados estaduais Jamil Calife e Vivian Naves, do PP, estão denunciados por gastos irregulares de campanha, uma tipificação para a qual a Justiça Eleitoral vem exigindo cada vez menos provas para cortar cabeças. O caso de Vivian Naves é gravíssimo: funcionários da prefeitura de Anápolis testemunharam a exigência de pedir votos para ela em escandalosa troca por benefícios custeados com recursos públicos. Se se salvar, ela poderá erguer as mãos aos céus pelo milagre recebido.
Um lembrete da maior importância: que as vítimas desse massacre jurídico-eleitoral que vem aí não contem com a tradicional lentidão da Justiça no Brasil. Nada disso. Os ritos comandados pelo TRE e pelo TSE agora são velozes e enxutos. Decisão em Goiás nas próximas semanas e em seguida transferência do julgamento para Brasília, para desfecho no início do ano que vem. Tudo muito rápido. Muito, mas muito mesmo, da política em Goiás vai mudar a partir daí.