Invasão de terras é crime. Isso resume o que Caiado disse na CPI do MST e não tem nada a ver com bolsonarismo
O governador Ronaldo Caiado foi à CPI do MST e repetiu o que faz há mais de 30 anos e inclusive justificou o seu ingresso na política: condenou as invasões de terra e vergastou com a firmeza de sempre um movimento que nunca respeitou a lei e sempre colocou a ideologia acima de qualquer interesse social ou produtivo. Claro, o depoimento foi forte – e nem poderia ser diferente em se tratando de Caiado, com a sua monumental experiência parlamentar e facilidade para enfrentar o debate de ideias em um ambiente onde ele transitou por décadas.
A repercussão foi simplesmente espetacular. Imprensa nacional e redes sociais caíram de boca. Vídeos com trechos da fala de Caiado tomaram conta do Instagram, Facebook, Twitter e Tik Tok. O Jornal Opção tirou uma conclusão acertadíssima: pode ter sido o evento inicial da campanha do governador goiano rumo a presidência da República, com o que este blog concorda em gênero, número e grau.
Bem, nem todos pensam assim. Os jornalistas de O Popular reduziram a passagem de Caiado pela CPI do MST a um desprezível alinhamento com o extremismo bolsonarista, esquecendo-se de que Jair Bolsonaro nem havia nascido politicamente quando a União Democrática Rural – UDR saiu a campo para defender o direito de propriedade no Brasil. Ooooops… sob a liderança de Caiado, seu fundador e primeiro presidente.
Declarar as invasões de terras como inaceitáveis não serve para caracterizar ninguém como bolsonarista. Nada disso. É apenas um reconhecimento do que está prescrito na Constituição e um dever de todos os que prezam a prevalência do Estado de Direito no país. Menos para Caio Salgado e Cileide Alves, que viram no depoimento de Caiado um reles alinhamento com a intransigência bolsonarista. Isso estranhamente em um jornal que é uma empresa capitalista de destaque em Goiás, mas dá guarida a argumentos infantis que terminam por enfraquecer a livre iniciativa na economia e os direitos básicos na área da segurança jurídica para os negócios e, por que não?, para a própria tranquilidade das brasileiras e dos brasileiros.
Em resumo, tudo o que Caiado disse na CPI do MST pode ser resumido em uma única expressão: invasão de terras é crime. Ponto final. Não tem nada a ver com bolsonarismo ou o que quer que seja em termos doutrinários. É um tipo de ação que não existe em nenhuma outra parte do mundo. Nenhuma. Nações à direita e à esquerda, pelo planeta afora, passam longe dessa excrescência, igual a jabuticaba, só aqui vista. Caio e Cileide estão enganados: Caiado não é bolsonarista. É de direita, e nunca escondeu isso. Civilizada, evidentemente, como homem de luzes intelectuais que é. Na CPI, foi apenas legalista e constitucionalista. Quem não é são as mentes distorcidas da turma de O Popular.