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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

14 jun

Os equívocos dos supostos ambientalistas na defesa do cerrado em Goiás

Que o cerrado é vítima de processo contínuo de devastação, é verdade. Que os supostos e ditos ambientalistas fazem a sua defesa com competência, nem tanto. Muitos, talvez a maioria, são turvados pela ideologização de uma bandeira inerente ao conjunto da humanidade e não a uma visão de mundo específica.

Vejamos o acontecido em Goiás neste exato momento: gente dos mais diversos matizes políticos, alguns se apresentando como especialistas no que não são, abriram uma grita contra um projeto de lei do governo do Estado aprovado na Assembleia Legislativa por maioria esmagadora, tratando de questões processuais quanto ao licenciamento e a fiscalização ambiental. A matéria representa um avanço, mas não foi compreendida por quem se julga investido em credibilidade a partir de uma credencial divina oriunda da defesa de uma causa nobre.

Para isso, requer-se inteligência, não a repetição monótona de jargões e clichês, como faz o deputado petista Antônio Gomide em um artigo nesta quarta, 14, em O Popular. Primeiro que, fora votar contra ou a favor, Gomide tem militância zero quanto a políticas para o meio-ambiente. É um oportunista, atrás de dividendos políticos quando entra superficialmente no assunto. Para começar a reduzir o tal artigo a pó, vale lembrar: o MapBioma, de autoridade indiscutível, citado por ele próprio, mostra um recuo do desmatamento em Goiás de 2% no ano passado na comparação com 2021. Não é pouca coisa. O relatório mostra ainda que nenhum município goiano está entre os 50 que mais desmataram.

Gomide(foto) deveria se preocupar com o desmonte do Ministério do Meio Ambiente sob o governo Lula da Silva. Ora, diria alguém, isso foi coisa do Congresso e não do presidente. Verdade. Mas, vergonhosamente, Lula se calou e aceitou. Em momento algum, disse um a favor da conservação das estruturas oficiais de salvaguarda da natureza bombardeadas na aprovação Medida Provisória da reformulação do governo federal. Da mesma forma, procederam os luminares petistas de Brasília. Aceitaram vergonhosamente o retrocesso e se tornaram cúmplices. A propósito, sobre isso, claro, Gomide também não abriu a boca.

Em Goiás, o que a secretária Andrea Vulcanis(foto) faz é racionalizar um setor administrativo que foi herdado em situação de bagunça da gestão anterior. E as conquistas são muitas, haja vistas aos números do MapBioma. Está lá: o desmatamento aumentou no Brasil de Lula (mais de 20% em comparação com o ano passado, até agora), porém NÃO em Goiás, pela tendência apurada em 2022. O projeto aprovado pela Assembleia corrige distorções, ao eliminar, por exemplo, a hipótese de licenciamento via prefeituras municipais, que não têm expertise para atuar em temas ambientais. Mais: não institui nenhuma facilidade para devastação, nenhuma, ao contrário do propalado pelos detratores de ocasião. O que houve foi um endurecimento das exigências quanto a compensações.

Para não cansar as leitoras e os leitores, continuarei em outra nota.